Toca o telefone. Atendo. É o Aires, companheiro e fundador do Bobina e Desbobina, aconselhando-me o Público de hoje. O suplemento P2.
Logo na capa, olhando-me do alto do cabeçalho, a referência a "Santa Joana" promete um momento único na história deste blog. Nas páginas 6 e 7, do suplemento P2, encontra-se o artigo "A primeira-ministra da Islândia é lésbica, assumidamente. E isso interessa?", de Maria João Guimarães, e ainda a procissão vai no adro e já temos a referência a um post antigo (link) do meu outro blog.
O tema pode ser polémico e o mero facto de se dar a notícia de ser a primeira vez que um político assumidamente homossexual chega à chefia de um Executivo de um país deu azo a discussão.
Por exemplo: mal o PÚBLICO colocou on-line a notícia sobre a possibilidade de Sigurdardottir ser a próxima primeira-ministra da Islândia e de ser esta a primeira vez que um político assumidamente gay ocuparia esta função, houve logo um bloguista que criticou o jornal, questionando a menção da vida privada da política (o blogue chama-se Nem vale a pena dizer mais nada).
Um comentador contrapôs, em resposta ao comentário do blogue, que o facto de uma mulher assumidamente homossexual chegar pela primeira vez à chefia de um Governo era notícia, tal como o foi o facto de um negro chegar pela primeira vez à presidência dos EUA.
O que este artigo traz de novo, e sem dúvida de mais interessante, em relação ao anterior é a forma como ele é articulado em torno da história política das lutas dos homossexuais pelos seus direitos, e não tanto da referência a apenas uma pessoa.
Para se ter noção do que isto representa, pode olhar-se para o panorama europeu de políticos abertamente gays: desde 2001, há três presidentes de câmara, dois na Alemanha (os presidentes das câmaras de Berlim, Klaus Wowereit, e de Hamburgo, Ole von Beust), e um em França (Bertrand Delanoë, presidente da Câmara de Paris).
Delanoë - que é agora considerado um possível candidato às presidenciais de 2012 - foi atacado em 2002 por um homem que disse odiar "políticos, o Partido Socialista e homossexuais".
Apoiando-se noutros casos como o de Bertrand Delanoë - o qual tive a oportunidade de acompanhar o trabalho municipal enquanto estive em Paris no último ano - e na biografia possível da reservada primeira-ministra Sigurdardottir é nos apresentado um retrato apoiado em exemplos desta luta política pela verdadeira igualdade de oportunidades.
Mas, este artigo tem outro aspecto que é fundamental realçar: a forma como os blogs têm cada vez um lugar de maior destaque na imprensa escrita. Chegando mesmo a promover ou direccionar, mesmo que indirectamente, linhas editoriais. Elogie-se, por exemplo, o facto do jornal o Público ter uma pequena secção Blogues em Papel, onde são retiradas ideias-chave de blogosfera portuguesa.
Em suma, como Maria João Guimarães realçou logo no início do artigo este assunto pode ser polémico... E é... E continuará a sê-lo muito depois da tomada de mil e um primeiros-ministros homossexuais, porque Portugal continuará religiosamente a ser um país homófobico, onde se escondem conservadorismos por detrás da eterna justificação "a nossa cultura é assim/a nossa cultura não é assim" (riscar a que não interessa).
obs: no espaço de uma semana o jornal Público soube mostrar que tanto se pode fazer jornalismo de referência como o oposto... basta escolher o ângulo correcto para uma notícia.
Logo na capa, olhando-me do alto do cabeçalho, a referência a "Santa Joana" promete um momento único na história deste blog. Nas páginas 6 e 7, do suplemento P2, encontra-se o artigo "A primeira-ministra da Islândia é lésbica, assumidamente. E isso interessa?", de Maria João Guimarães, e ainda a procissão vai no adro e já temos a referência a um post antigo (link) do meu outro blog.
O tema pode ser polémico e o mero facto de se dar a notícia de ser a primeira vez que um político assumidamente homossexual chega à chefia de um Executivo de um país deu azo a discussão.
Por exemplo: mal o PÚBLICO colocou on-line a notícia sobre a possibilidade de Sigurdardottir ser a próxima primeira-ministra da Islândia e de ser esta a primeira vez que um político assumidamente gay ocuparia esta função, houve logo um bloguista que criticou o jornal, questionando a menção da vida privada da política (o blogue chama-se Nem vale a pena dizer mais nada).
Um comentador contrapôs, em resposta ao comentário do blogue, que o facto de uma mulher assumidamente homossexual chegar pela primeira vez à chefia de um Governo era notícia, tal como o foi o facto de um negro chegar pela primeira vez à presidência dos EUA.
O que este artigo traz de novo, e sem dúvida de mais interessante, em relação ao anterior é a forma como ele é articulado em torno da história política das lutas dos homossexuais pelos seus direitos, e não tanto da referência a apenas uma pessoa.
Para se ter noção do que isto representa, pode olhar-se para o panorama europeu de políticos abertamente gays: desde 2001, há três presidentes de câmara, dois na Alemanha (os presidentes das câmaras de Berlim, Klaus Wowereit, e de Hamburgo, Ole von Beust), e um em França (Bertrand Delanoë, presidente da Câmara de Paris).
Delanoë - que é agora considerado um possível candidato às presidenciais de 2012 - foi atacado em 2002 por um homem que disse odiar "políticos, o Partido Socialista e homossexuais".
Apoiando-se noutros casos como o de Bertrand Delanoë - o qual tive a oportunidade de acompanhar o trabalho municipal enquanto estive em Paris no último ano - e na biografia possível da reservada primeira-ministra Sigurdardottir é nos apresentado um retrato apoiado em exemplos desta luta política pela verdadeira igualdade de oportunidades.
Mas, este artigo tem outro aspecto que é fundamental realçar: a forma como os blogs têm cada vez um lugar de maior destaque na imprensa escrita. Chegando mesmo a promover ou direccionar, mesmo que indirectamente, linhas editoriais. Elogie-se, por exemplo, o facto do jornal o Público ter uma pequena secção Blogues em Papel, onde são retiradas ideias-chave de blogosfera portuguesa.
Em suma, como Maria João Guimarães realçou logo no início do artigo este assunto pode ser polémico... E é... E continuará a sê-lo muito depois da tomada de mil e um primeiros-ministros homossexuais, porque Portugal continuará religiosamente a ser um país homófobico, onde se escondem conservadorismos por detrás da eterna justificação "a nossa cultura é assim/a nossa cultura não é assim" (riscar a que não interessa).
obs: no espaço de uma semana o jornal Público soube mostrar que tanto se pode fazer jornalismo de referência como o oposto... basta escolher o ângulo correcto para uma notícia.
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