2009-04-30

antecipando o dia...mas não é como o natal? ;)

"No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal..."

Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas..."

Eugénio de Andrade

2009-04-23

Desbobina em Mute

Da Capital do Móvel...

Link: Nacional 2-3 Paços de Ferreira



...[por um dia] os reis da Madeira!

(momento irracional do post) Eu já estive no Jamor por duas vezes. E vocês?

2009-04-18

It's Politics, Stupid!

"Não vou ser candidato"
"Ao fim de 10 anos de trabalho no Parlamento Europeu, não faz muito sentido que quem foi na última eleição em quinto, seja agora oitavo"
"Não aceito a lei da paridade como justificação. Não é suficiente para atribuir ao PSD-Madeira esse lugar"
Sérgio Marques dixit


"(...)"Já está resolvido. O candidato ao Parlamento Europeu, no mesmo 8º lugar, é o senhor dr. Nuno Teixeira".
"Não quer um, vai outro. A única pessoa importante neste partido sou eu".
"Não, ele disse-me agora antes de começar a Comissão Política. Não aceita, também não peço nada a ninguém. Surpreendeu-me pela maneira de ser dele (Sérgio Marques). Não o julgava capaz disto"(...)"

AJJ dixit


A surpreendente recusa de Sérgio Marques de integrar as listas do PSD às europeias em 8ºlugar [nas últimas eleições foi eleito em 5º], depois de ter sabido via Comunicação Social que era este o lugar que lhe era destinado, conforme tem sido aventado nos órgãos de comunicação sociais e na blogosfera madeirense, merece uma leitura algo mais profunda do que à primeira vista possa parecer.

Sérgio Marques é reconhecidamente, e num puro exercício de sondagem sem qualquer tipo de rigor científico, um dos nomes laranjas cujo trabalho e capacidade de iniciativa não é posta em causa dentro das hostes laranjas regionais, tendo o eleitorado opositor geralmente uma uma boa imagem da sua prestação política.

O facto de estar há 2 mandatos exilado na Europa, logo longe quer da vida política regional, quer do desgaste de imagem que a mesma produz, aliado à boa publicitação do seu trabalho - é dos deputados laranjas que mais investe nesta área, em especial na área das novas tecnologias - dos primeiros a estar na blogosfera, usa redes sociais para contactar eleitores [Facebook no caso], etc. - faz com que a imagem tida dele seja em geral positiva, não havendo grandes máculas sobre a sua imagem.

Numa primeira leitura simplista, face às palavras caústicas de Alberto João Jardim confrontado com a recusa, poderíamos considerar que Sérgio Marques tenha assinado a sua certidão de óbito político, pelo menos no seio do PSD-M, devido à "heresia"de ter ousado enfrentar o líder. Uma pessoa menos atenta à vida política na Madeira, pode achar que estou a exagerar, mas convém recordar que Jardim nunca foi grande adepto de debate interno ou de muitos desvios à ortodoxia da sua palavra.

Por outro lado, outra leitura possível, poderá indiciar esta recusa como uma simples tomada de posição por parte do deputado, que não tendo satisfeito as suas ambições, resolveu tomar uma atitude de força no calor do momento.

Há no entanto diversas nuances que me fazem explorar um outro prisma. Sérgio Marques, como qualquer político, tem as suas ambições e era público [em entrevista recente] que veria com bons olhos a ideia de poder no período pós-Jardim. Por outro lado, temos de considerar o facto de o poder e a alternância do mesmo, ser motivado, pelo menos em Portugal, não por uma vitória da oposição, mas sim pela erosão governativa do partido no poder. Tendo em mente estas duas premissas, num exercício de pura especulação, poderíamos ser levados a pensar que os factos que nortearam esta abrupta decisão poderiam ter mente uma estratégia com horizontes mais latos.

Isto porque com esta decisão e a aparente proscrição (a nível regional), o mais engraçado nesta situação é o facto de Sérgio Marques poder vir a obter a médio-longo prazo enormes ganhos políticos com esta medida, beneficiando com isso o PSD-M. Confusos?

Num cenário de liderança pós-Jardim, Sérgio Marques com esta recusa e pelo facto de perante os olhos da opinião pública, ter afrontado Jardim, pode constituir para o partido uma possível alternativa ou alternativa de reserva, isto quando o jardinismo (ou o que restar dele) deixar de ser a matriz agregadora do partido ou o eleitorado madeirense já não ser sensível ao peculiar estilo de retórica e mensagem.

Em termos de calculismo político, esta poderia ser considerada uma manobra arriscada - sabendo-se que o manancial de apoio do jardinismo é bem grande, a gratidão dos madeirenses é (irracionalmente e inexplicavelmente) devota e o aproveitar da sua imagem e memória, que após a sua retirada serão concerteza explorados e darão votos ao partido laranja pelo menos durante algum tempo.
Mas dado que nada é eterno, quando a alternância estiver na eminência, Marques estaria salvaguardado, aparecendo aos olhos do eleitorado laranja, como uma opção recta e imaculada (vinda fora do sistema), que soube se manter à parte, seja do possível lavar de roupa que previsivelmente se seguirá no interior do partido (e que já aparentemente já decorre - os indícios são muitos), seja das conotações menos claras com o período jardinista.
Marques funcionaria assim como o às de trunfo, num cenário de iminente alternância num contexto eleitoral difícil.

Claro que esta análise tem muitos "ses" e face ao publicamente propalado, não creio que tenha havido este tipo de visão política a longo prazo - estão escritas muitas determinantes não controláveis. Aliás, as próprias ambições a curto-prazo do candidato, ficariam algo lesadas, podendo a sua imagem pública ser afectada (como deverá previsivelmente ficar).
No entanto, não deixa de ser engraçado como uma medida que aparentemente é uma mera tomada de força, poderia no entanto se revestir de uma medida com extrema astúcia e argúcia. Será a análise assim tão descabida e fictional?

2009-04-17

Espelho meu...


"(...)"É uma lei nazificante, de iniciativa fascista e que pretende calar a imprensa de vários quadrantes políticos e não apenas o ‘Jornal da Madeira’", referiu à chegada ao Aeroporto Internacional da Madeira.
Para João Jardim, "é uma lei que é um braço de ferro do ministro nazificante com a liberdade de imprensa em Portugal".

"Isto ainda vai dar muita luta mas há uma coisa que vos garanto. O ‘Jornal da Madeira’ vai sair nem que a gente vá todos presos", disse.

"A autonomia chegou a um momento que precisa de mártires para dar os saltos seguintes e, eu, aos 66 anos já não me divirto muito cá fora, já posso ser preso político, já posso fazer o papel de mártir"(...)"

in público.pt

As declarações de uma pessoa que sempre prezou pelo pluralismo e pela diversidade de debate e de opiniões. De uma pessoa que era um reconhecido opositor ao anterior regime. Da pessoa que sempre primou pelo respeito à memória da revolução de Abril. Do verdadeiro democrata no sentido liberal do termo (defensor do primado do direito e da defesa das minorias). Do paladino da liberdade que recebeu oficialmente aquele baluarte sul africano dos direitos humanos e defensor máximo da reconciliação entre os povos de diferentes raças e credos chamado Pieter W. Botha...

2009-04-08

um alerta para o planeta

Este conjunto de conferências pretende suscitar uma reflexão aprofundada sobre alguns dos temas determinantes do futuro da humanidade e do nosso planeta. Convidaram-se personalidades que, pela importância das suas contribuições, têm marcado o debate das questões relacionadas com o desenvolvimento sustentável.
Esta iniciativa da Caixa Geral de Depósitos insere-se no programa de sustentabilidade que tem vindo a desenvolver – em que se inclui o Caixa Carbono Zero 2010.
Ambiente, Direitos Humanos, Desenvolvimento Sustentável e a sua ligação à Sociedade da Informação, Cidades pensadas como pólos agregadores para os seus habitantes, são temas de actualidade irrecusável e correspondem a grandes preocupações do mundo actual.

Culturgest

Ontem realizou-se a primeira com António Gonçalves Henriques, Viriato Soromenho Marques e Nuno Lacasta. E além de estarmos perante uma muito boa casa para um tema que em Portugal continua fora do mainstream, a qualidade das intervenções foi excelente. A forma como o painel avançou pelo tema foi muito coerente e abrilhantou ainda mais a conferência. Sinal menos apenas para o moderador.

Primeiramente António Gonçalves Henriques fez uma abordagem inicial do que são alterações climáticas. De seguida Viriato Soromenho Marques, que orador excepcional, avançou com mais dados sobre este assunto e pegou na ideia de como o desenvolvimento sustentável é exequível com a ideia de desenvolvimento económico e redução das dissemetrias sociais. Finalmente Nuno Lacasta, que faz parte da task-force para a discussão do pós-Quioto apresentou as principais ideias e práticas governativas que estão a ser executadas e planeadas na UE.

Nas próximas terças feiras teremos mais conferências dedicadas aos temas dos Direitos Humanos, dia 14; Desenvolvimento Sustentável e Sociedade da Informação, dia 21 e Arquitectura Sustentável, dia 28.

obs: Entrada gratuita e beberete.

2009-04-02

"Plise táke cáre óf your bilóginggs"

sempre me orgulhei da diferença entre um português a falar inglês a comparar com um espanhol (tema especialmente sensivel no meu caso)... mas o metro de lisboa fez-me repensar seriamente o assunto.