2009-12-29

web 2.0 suicide machine promotion from moddr_ on Vimeo.



Um conselho com o seu quê de mórbido, mas que certamente faria bem a muitas pessoas.

Brinquinho do Alberto vs Harpa de Nero



imagem D*Face



in publico.pt


Já agora, se porventura não fosse incómodo, que tal procurar um modelo alternativo de desenvolvimento e governação?

Olhando ao recente Orçamento da Região Autónoma da Madeira para 2010, onde mais uma vez as despesas afectas a infraestruturas nada sustentáveis [e na maior parte das vezes com claros propósitos eleitoralistas - nem falo da parte das receitas extraordinárias previstas], são uma parte de leão do mesmo, não sei até que ponto as consequências futuras da prossecução desta autêntica política suicida, não hipotecarão o futuro das gerações vindouras.

O círculo aparenta estar a apertar-se [recorde-se exemplo de notícia da entrega de escolas e equipamentos de saúde como garantias bancárias para conseguir empréstimos para pagar despesas correntes] e as claras insuficiências deste modelo são cada vez mais notórias. Já aqui escrevi que em política, o comum eleitor tende a não ter uma perspectiva a médio-longo prazo, recompensando politicamente muito a existência de obra, ou seja algo em termos palpáveis e visíveis - como o são betão e cimento. Os alertas para as consequências do arrastar deste tipo de modelo, já há muito eram conhecidos [existem estudos efectuados para o GR desde o início da década por parte de consultores], pelo que apenas se pode deduzir que apenas os ganhos políticos e a lógica da auto perpetuação política apenas estarão a justificar a insistência neste modelo.

Tendo em conta isto e prevendo-se o pior, já aqui dei conta que será engraçado saber como será retratado e relembrado este período, pelos próprios madeirenses daqui a 10 anos.

Já agora e em jeito de conclusão, não resisto a arriscar uma profecia qual Nostradamus. Não passarão muitos anos até introduzirem portagens na Via Litoral. Já esteve mais longe.

2009-12-28

A demissão prematura de Mourinho



imagem daqui


"O ano acaba mal: José Mourinho, o meu treinador português preferido, demitiu-se. Não, não se demitiu do Inter, mas da selecção nacional. Ele que dissera que um dia seria seleccionador nacional veio, agora, garantir que não, não quer.

Recusou com a Constituição na mão, como nos tribunais americanos se jura sobre a Bíblia. José Mourinho disse: "Se algum dia for seleccionador direi não aos naturalizados." Lá está, recusou ser seleccionador. Como ele não pode negar a nacionalidade a um cidadão português, como são os naturalizados (portugueses plenos, com a excepção de poderem ser eleitos presidentes da República), Mourinho serviu-se de uma forma floreada (quem não floreia no futebol que deite a primeira pedra) para dizer não à selecção nacional. Disse que não quer naturalizados na selecção, como podia ter dito: "Se algum dia for seleccionador direi não a quem vota no CDS (ou a quem é cristão ortodoxo)"...

Pronto, Mourinho demitiu-se. Tenho pena é que me tenha tirado já a ilusão. Gostava de ficar à espera até que ele viesse para a selecção, como prometeu, "no fim da carreira". Tenho de me contentar com Pepe, o naturalizado, que felizmente não esperou pelo fim da carreira para dar alguma coisa à selecção portuguesa. A dele."

Ferreira Fernandes in DN


"Os árbitros portugueses são os que mostram menos cartões às equipas da casa em jogos de competições europeias. Um estudo publicado na revista "Journal of Economic Psychology" analisou 1717 jogos da antiga Taça UEFA e Liga dos Campeões (épocas 2002/03 e 2006/07) e revela que os juízes portugueses batem os recordes de discrepância entre cartões mostrados a equipas visitantes e visitadas. Os mais prejudicados são os forasteiros. Em média, as equipas da casa levam 1,62 cartões amarelos por jogo; nas equipas de fora a média é 2,57(...)"

in Ionline.pt



Vale a pena ler esta peça do I. Quando às conclusões do estudo, creio que bastaria ir a algum jogo nos regionais/distritais , ver as condições em que se disputam a esmagadora maioria dos jogosm para se perceber o porquê desta tendência [o nosso desbobinador Old Shatterhand que o diga]. E quando assim é...

2009-12-27

O "teste para a democracia"



imagem daqui

"Eleitores do Uzbequistão começaram a votar para eleger o Parlamento, naquilo que o Presidente Islam Karimov considerou "um teste para a democracia" desta antiga república soviética, independente desde 1991.

As mesas de voto abriram às 06:00 locais (01:00 de Lisboa) e mais de 17 milhões de eleitores poderão votar até às 20:00 locais nos 506 candidatos que se afirmam todos defensores da política do governo, na disputa dos 150 lugares no Parlamento.

Segundo a lei uzbeque, 15 lugares estão reservados aos deputados do Movimento Ecológico do Uzbequistão, criado em 2008 e integrado por militantes pró-governamentais."

in DN



Eis mais uma estranha concepção de democracia, isto sob o prisma ocidental, indicada por uma pessoa do antigo aparelho soviético que desde a independência do Uzbequistão em 1991, se tem perpetuado no poder com votações com mais de 90%, quer passando por limitações constitucionais de dois mandatos - 5 anos cada [já agora, diga-se de passagem que é uma prática comum nesta parte do globo e os déspotas vizinhos até conseguem votações mais "retumbantes"].

Isto num país situado no chamado crescente turco, em plena Ásia Central, rico em recursos naturais como ouro e urânio - economia essencialmente recolectora, com especial incidência em culturas intensivas insustentáveis como o algodão (vide desastre ecológico do mar Aral) - recortado e tendo vastas extensões de deserto, com apenas 10% de terra arável.

Fora dos radares mediáticos, eis mais um pequeno exemplo do que acontece num país que figura nos tops de países mais repressivos para com imprensa, liberdade de associação, liberdade religiosa, com constantes violações de direitos humanos, mas que por circunstâncias geopolíticas - apoio na guerra ao Afeganistão e concessão de bases aéreas para apoio de acções militares na região - é tolerado pela comunidade ocidental, fechando assim olhos à grande repressão exercida sobre a população. Uma sociedade onde mais de 45% vive com menos de 2 dólares por dia e onde o Islão radical é uma real ameaça [em parte por via de todas estas circunstâncias] devido a crescimento da corrente wahabita do Islão - fortemente financiada pela Arábia Saudita, em contraponto a uma tradição endógena mais pacífica, mística e menos radical, mais característica da região como a corrente sufista [recordo e recomendo a leitura de "Jihad - Ascensão do Islão Militante na Ásia Central" de Ahmed Rashid para melhor percepção da profundidade das mudanças].

Feito este pequeno retrato, a notícia ilustra um bom exemplo no extremo, de certa "normalidade democrática" muitas vezes prevalecente em sociedades gravemente desiguais, onde a riqueza está concentrada nas mãos de uma pequena elite que insiste em se perpetuar no poder e onde as básicas noções de protecção de opiniões divergentes simplesmente não são consideradas ou tidas em conta em prol de um suposto unamismo agregador. Faz-vos lembrar algo?

Natalíssimo




Vivemos porventura a época que evoca o nosso lado mais emotivo e mnemónico. Natal clama pelos nossos sentimentos mais primitivos de afecto. São os momentos de uma infância perdida, reclamados muitas vezes através do “outro”, especialmente pelas vivências das crianças e nas expectativas depositadas no seu futuro. Por um dia vivemos uma verdadeira comunhão, autêntica simbiose de objectivos. Por fim esta época termina, e lá voltamos para a nossa rotina diária, voltando a recalcar a memória até a um próximo momento.


A Merry Banksy Christmas




imagine if there was a wall of shame between nazareth and bethlehem?


image taken from here


2009-12-26

Universalização do Sistema de Saúde nos EUA e a premência de um novo New Deal


No passado dia 24 de Dezembro, a câmara alta federal dos EUA, aprovou - com maioria qualificada de 3/5 - que segundo a tradição americana, impede o protelar ou inversão de decisão por parte do órgão em questão [filibuster] - o pacote legislativo de reforma do sistema de saúde proposto por Obama.

Na realidade, esta aprovação não significa que a proposta venha já a entrar em vigor - será primeiro condensada com a proposta aprovada pela câmara dos representantes [câmara baixa, onde os democratas também dispõem de maioria], prevendo que a mesma só venha a ser aplicada apenas em 2014. Assim, e sabendo-se que este foi um dos cavalos eleitorais de batalha de Obama, a entrada em vigor de semelhante medida, será sempre vista posteriormente como umas das marcas da sua administração [prevendo-se que venha a vencer em 2012, o que não é certo].

Mas o que constitui ao certo esta reforma? Para nós europeus, pode parecer algo extremamente estranho, mas significa alargar o sistema de saúde para uma escala universal [ainda que tenham sido feitas muitas concessões ao forte lobby das empresas de seguros]. Pode parecer muito estranho, mas no actual sistema, mais de 30 milhões de pessoas viam-se privadas de qualquer tipo de cobertura médica, seja por recusa por parte de seguradoras tendo em base o historial médico, fosse pelos elevados custos que isso comportava.

Daí que esta medida, seja vista por muitos como a mais emblemática, desde o início de cobertura social iniciada e dada por Roosevelt no combate à Grande Depressão da década de 30 - o New Deal e todas as medidas anexas ao mesmo. Ou então como uma extensão do programa Medicare, criado em 1964, que basicamente instituiu protecção e cuidados de saúde a maiores de 65 anos e a pessoas incapacitadas.

Para além de proibir a recusa na atribuição de seguros de saúde, procura instituir uma real cobertura a uma vasta porção de população, que nas condições actuais, se vê privada dos mais elementares cuidados de saúde. Por outro lado, e contrariamente ao que certos detractores têm argumentado, é possível verificar que a médio-longo prazo a adopção de uma cobertura universal de cuidados de saúde, acaba por ser mais barato que a manutenção do actual sistema vigente - vide tabela de Paul Krugman [Nobel em 2008].

Este economista, tem sido aliás, um dos mais veementes defensores da aprovação desta lei, ainda que a forma final não fosse bem a idealizada. No entanto, é no entender deste reputado economista um bom passo para redução das grandes disparidades que coexistem nos EUA.

Vem um pouco na ideia veiculada, pelo mesmo na sua obra "Conscience of a Liberal" [excelente obra - com o nome do seu blog no NYTimes - que presentemente leio após comprar aqui - na Fnac custava mais 5€], onde o mesmo traça um historial económico e político dos EUA desde o fim da Guerra Civil até à actualidade. Segundo o mesmo, há uma óbvia relação entre a desregulamentação levada a cabo em especial depois do fim do período a que chamou da grande compressão [devido aos rendimentos dos mais ricos terem grandemente baixado devido a um aumento súbito de taxação fiscal por parte da entidade fiscal federal entre 40 e 60, quer ao súbito aumento de rendimentos que o americano médio passou a ter nesta época, o que levou à criação de uma grande classe média], período que findou em meados da década de 70, com a vitória da ideologia a que se designa de neoconservadora.

Com a progressiva erosão de direitos sociais, com os cortes impostos a importantes programas federais que combatiam estas desigualdades, o fosso entre os mais ricos e os mais pobres voltou a ficar extremamente grande, voltando novamente a existir os sentimentos de classe e extremando-se cada vez mais a vida política, retornando ao vivido no pré-década de 30. Daí que Krugman clame por uma espécie de novo "New Deal", algo que a crise recente veio comprovar por um lado ser necessária, quer fornecendo o cenário propício a que o mesmo seja aplicado. Segundo ao autor, mais que mera consequência das forças de mercado, foram as medidas de cariz político introduzidas nesse período que motivaram uma maior aproximação e redução do grande fosso existente entre os mais ricos e os mais pobres, contribuindo em última instância, para uma melhor paz social.

Obama, querendo deixar a sua marca e certamente querendo marcar pontos a nível interno, empenhou-se muito nesta lei, que mesmo sendo aprovada mesmo com as condicionantes que foram impostas, olhando ao status quo actual, constituirá um bom passo e uma vitória no grande combate às graves desigualdades ainda existentes.


Them Crooked Vultures



Creio que os senhores John Paul Jones (Led Zeppelin), Josh Homme (Queens of the Stone Age e Kyuss) e Dave Grohl (Nirvana e Foo Fighters), dispensam apresentações e são um triplo selo de qualidade a um projecto, que anunciado em 2005 numa revista da especialidade, apenas viu a luz do dia a 17 de Novembro último.

Muitos torcem o nariz a estas reuniões e à constituição dos chamados "supergrupos", que na maioria das vezes redundam em flop, muitas vezes devido a choque de egos entre as "primas-donas" que os constituem. Tudo isto é verdade e fica frequentemente acima de qualquer valia musical que o projecto possa conter. Mas a verdade, é que de vez em quando, aparecem boas surpresas, redundando em bons álbuns que nos captam logo após uma primeira audição.

Isto tudo sobre o álbum de Them Crooked Vultures. Confesso que pese soubesse da existência do projecto - o que até era previsível dada a colaboração já dada por Grohl ao single "No One Knows" do [para mim] excelente "Songs for the Deaf" dos Queens of the Stone Age - até à passada terça estava na completa escuridão quanto ao resultado desta união de esforços - obrigado Pedro. E a verdade é que rapidamente me captou. Em especial o início desta "Scumbag Blues" [aqui num teaser feito para promoção - recomendo pesquisarem por outros teasers feitos para o efeito], que não parei de cantarolar em casa, fosse nos transportes ou no trabalho - daí a escolha.

Simplesmente viciante. Assim como o restante álbum.


2009-12-25

como uma bola de neve

Temos à nossa volta uma quantidade de pessoas que nós sabemos que têm imenso potencial e que por um motivo ou por outro não têm a oportunidade de demonstrar o que valem. Nem digo que é demonstrar aos outros, mas a eles mesmos. Passamos a acreditar que não damos para mais do que temos neste momento.
Frequentemente olhamos para uma pessoa e dizemos: é perfeita para estar envolvida neste ou naquele projecto, mas... como fazê-la ver isso mesmo?

A vida acomoda-nos a situações que nunca imaginámos aceitar noutros momentos.

É sempre mais fácil dar exemplos. O nosso trabalho. É muito raro estarmos totalmente realizados naquilo que fazemos. Achamos que estamos a ser subvalorizados, que não aproveitam as nossas capacidades, que podíamos fazer outras coisas mais interessantes, mas sabemos que não podemos dar "o grito do Ipiranga" e arriscar nas nossas ideias. A realidade é que temos contas para pagar ou a sensação de estar numa segurança ténue, mas que nos garante algo e não queremos mudar.

"Se ao menos me dessem uma oportunidade".. quantas vezes não pensamos assim? Eu acredito que podemos tentar. Com projectos paralelos, ideias pequeninas e talentos que sabemos que temos e que podem vir a ser um sucesso; uma vez mais não para os outros, mas para nós. Que basta arriscar. E que essas aventuras podem completar os nossos dias, motivar-nos a acreditar que podemos mesmo superar-nos.

Claro que pode correr mal, pode nem ser aquilo que queríamos. Pode. Um risco que se deve correr.

As típicas e americanizadas "resoluções do novo ano" servem, pelo menos, para desejarmos que algo mude, que tenhamos a desculpa perfeita para começar algo de raiz. Porque não?

Um projecto.

Uma motivação.

Uma nova atitude condizente com a juventude e qualidade que a nossa geração tem.

2009-12-22

O Universo Conhecido



"The Known Universe é um pequeno filme de 6 minutos que oferece uma viagem aos confins do universo conhecido. Trata-se de um trabalho produzido pelo American Museum of Natural History que integra a exposição Visions of the Cosmos: From the Milky Ocean to an Evolving Universe, presente no Rubin Museum of Art em Nova Iorque até Maio do próximo ano."

in a barriga de um arquitecto

Em pouco mais de 70 anos [desde a primeira foto tirada do planeta Terra por um satélite em órbita], é impressionante ao nível a que se chegou a nível conhecimento e de capacidade de visualização sobre o lugar do nosso planeta no Universo.Este vídeo é bem elucidativo dos avanços a que se assistiu.

2009-12-18

As linhas de produção do XXI



(...)Segundo Zeinal Bava [CEO da PT], o novo "contact center" será uma boa opção de emprego para jovens licenciados de diversas áreas que pretendam tomar um primeiro contacto com o mercado de trabalho(...)"

in DN-Madeira 01-07-09


"Todas as empresas querem uma reserva fluída de trabalhadores a tempo parcial, temporários e independentes para as ajudarem a manter as despesas baixas e a acompanharem as reviravoltas de mercado (...) os habilidosos patrões das grandes marcas tornaram-se especialistas na arte de evitarem os compromissos para com os empregados, promovendo com mestria a ideia de que os empregados, de certa forma, não são verdadeiros trabalhadores e assim não precisam nem merecem segurança social, salários dignos e outros benefícios. A maioria dos grandes empregadores do sector dos serviços gere a sua força de trabalho como se os empregados não dependessem dos seus cheques de vencimento para coisas essenciais, como a renda ou a alimentação dos filhos. Em vez disso, os patrões do comércio e dos serviços tendem a encarar os seus empregados como crianças: estudantes que procuram um emprego de verão, dinheiro para gastar ou uma breve paragem numa carreira mais satisfatória e rentável(...).

(...)insistindo que continuam a oferecer empregos-passatempo para miúdos. Esquecem que o sector dos serviços está cheio de trabalhadores com múltiplos diplomas universitários, imigrantes que não conseguem encontrar emprego nas fábricas, enfermeiras e professores e gestores de nível médio despedidos (...) Toda a gente sabe que um emprego no sector dos serviços é um passatempo e que o comércio é um sítio onde as pessoas procuram "experiência", não uma forma de ganhar a vida (...) Em nenhum sítio esta mensagem foi tão bem interiorizada como na caixa registradora e no balcão de vendas [nota do autor do post: acrescentaria numa PA de um qualquer contact-center...], onde muitos trabalhadores dizem que se sentem como se estivessem de passagem, mesmo depois de se arrastarem durante uma década no sector do McTrabalho.

(...)[trabalhador da Borders Books and Music em Manhattan]"Ficamos presos nesta dicotomia de "É suposto eu viver melhor, mas não posso porque não encontro outro emprego". por isso dizemos a nós mesmos, "Só estou aqui temporariamente, porque vou encontrar uma coisa melhor". Este estado interiorizado de transitoriedade perpétua tem sido vantajoso para os patrões do sector dos serviços, que tiveram a liberdade de deixarem os salários estagnar e dar pouco espaço às oportunidades de progressão, uma vez que não há a necessidade urgente de melhorar as condições de empregos que, toda a gente concorda, são apenas temporários."


Naomi Klein (2000) "No Logo" p.257 a 259 (excertos)



Só espero que não aumentem o preço das minis...




"(...)2. Grupo Excursionista "Vai Tu"

Na sala de convívio deste grupo excursionista a intensidade com que se vive o futebol é inversamente proporcional ao preço da cerveja. Tem uma televisão grande, área de fumadores (é mesmo uma área, expressa em metros quadrados, sem separação física) e um benfiquista lendário que, quando a sua equipa ganha e o árbitro faz "bem" o seu trabalho, ofende o realizador da transmissão televisiva: "Este plano é uma merda, não se vê nada."

Rua da Bica de Duarte Belo, 6 - 8, Lisboa. Tel. 213 460 848(...)"


in dez cervejarias para ver o Benfica-Porto


Post scriptum: dado que alguns aqui neste espaço são sócios/frequentadores do dito espaço, fica aqui revelado um dos segredos mais guardados de uma Lisboa que muitos não conhecem. Um grupo recreativo de bairro, fundado por veteranos da 1ª Guerra Mundial na década de 40. Um sítio que contrasta com a suposta impessoalidade de Lisboa. Um sítio onde a mini não ultrapassa os 55 cent. Um sítio que pese o Benficavs Porto vá dar num domingo,o que com esta publicidade grátis poderia gerar casa cheia, não vai exibir o jogo e vai manter a habitual noite de fados ao domingo - resta rumar ao Marítimo um pouco mais abaixo. Afinal de contas, há sempre folhas a desfolhar na Grande Alface.





Alguém imagina os últimos 20 anos sem eles?




20 anos depois do primeiro episódio e já como verdadeiros representantes da cultura pop, a família amarela ainda continua aí a dar cartas nos ecrãs com a mesma irreverência.

Pese a pouca idade na altura, segui e registei o impacto inicial que esta família disfuncional de Springfield provocou quando chegou ao nosso país. Da altura, ainda guardo uma caderneta de cromos dos ditos - na única colecção que realmente fiz para além de colecções de competições futebolísticas.

O segredo do tremendo sucesso desta série, foi o carácter disfuncional e os traços exacerbados revelados por cada um dos personagens, algo que ao mesmo tempo, acaba por ser uma tremenda caricatura da própria sociedade americana. Concordo que hoje em dia estejam um pouco mais institucionalizados, mas em meu entender, souberam se adaptar bem às transições operadas, conservando as qualidades que me fizeram ver e ainda captam a minha atenção para a série sempre que é possível.



Portugal tal como o Golden State


fonte: fontstock


Depois de ver tantas peças e reportagens nos media audiovisuais nacionais, depois de ler tantas reportagens nos media online nacionais, depois de ouvir tantas conversas nos cafés e pastelarias, confesso que eu, sou acometido por um sentimento de frustração, por até ter estado acordado na hora, num prédio em tabique (com cruzes pombalinas e tudo), mas nada ter sentido. Nem sequer um tremor. Ou vá lá, um tremelico estilo toque vibrar de telemóvel. Não, nada. E em consequência disso, lá tive eu que me resignar ao meu silêncio, enquanto ouvia histórias sobre o cataclismo e o sofrimento que foram aqueles 10 segundos.

(Adoro estas quase não notícias e o impacto que as mesmas têm em termos de ordem de abertura de telejornais. Faz me sentir na Califórnia!)

2009-12-14

Pilosidade facial



...parece que está definitivamente na moda. Mais ou menos cuidada, de pendor mais conservador ou com irreverência revolucionária, é vê-la alegre e contente, nos rostos dos portugueses a exibir todo o seu fulgor e vigor.



(candidato ao post mais fútil do ano e revelador do deserto de ideias [e vontade confesso] que tem assolado este espaço. A ver se fazemos uma boa ponta final,para acabar o ano em beleza ;)

2009-12-04

A beleza do 28.


imagem: Banksy


Quem viaja/viajou na Carris de há dois anos a esta parte, certamente deve ter reparado no sistema de cores preconizado por essa empresa para segmentar e identificar as carreiras consoante a zona onde as mesmas se destinam a servir.

Embora as mesmas sejam transversais e respeitem essencialmente a critérios geográficos, zonas como a Ajuda/Belém ou Alvalade/Lumiar acabam por representar e respeitar igualmente e à primeira vista a critérios de estratificação social - que nas zonas nobres da Baixa se apresentam sob o neologismo de "gentrificação".

Talvez a contrariar tudo isto, e porque os movimentos pendulares são cada vez mais importantes numa cidade, existem as tais carreiras circulares, que acabam por atravessar em muitos casos múltiplas destas zonas, sendo deveras transversais no tipo de público que transportam.

O que me levam a escrever estas linhas, é precisamente o microcosmos sociológico que pode constituir uma viagem num destes autocarros circulares. Desde o turista que vem de Belém, o yuppie amante de artes e design que entra em Santos, do típico trabalhador suburbano que apanha o autocarro no Cais Sodré, do adolescente que debita chavões e frases do género "ya, woman", como esperar umas centenas de metros, entrar na zona da Expo Sul e de repente conseguir ouvir uma senhora de meia-idade a falar de um PPR que subscreveu a semana passada. Eis parte do encanto da grande alface.