(...)Segundo Zeinal Bava [CEO da PT], o novo "contact center" será uma boa opção de emprego para jovens licenciados de diversas áreas que pretendam tomar um primeiro contacto com o mercado de trabalho(...)"
in DN-Madeira 01-07-09
"Todas as empresas querem uma reserva fluída de trabalhadores a tempo parcial, temporários e independentes para as ajudarem a manter as despesas baixas e a acompanharem as reviravoltas de mercado (...) os habilidosos patrões das grandes marcas tornaram-se especialistas na arte de evitarem os compromissos para com os empregados, promovendo com mestria a ideia de que os empregados, de certa forma, não são verdadeiros trabalhadores e assim não precisam nem merecem segurança social, salários dignos e outros benefícios. A maioria dos grandes empregadores do sector dos serviços gere a sua força de trabalho como se os empregados não dependessem dos seus cheques de vencimento para coisas essenciais, como a renda ou a alimentação dos filhos. Em vez disso, os patrões do comércio e dos serviços tendem a encarar os seus empregados como crianças: estudantes que procuram um emprego de verão, dinheiro para gastar ou uma breve paragem numa carreira mais satisfatória e rentável(...).
(...)insistindo que continuam a oferecer empregos-passatempo para miúdos. Esquecem que o sector dos serviços está cheio de trabalhadores com múltiplos diplomas universitários, imigrantes que não conseguem encontrar emprego nas fábricas, enfermeiras e professores e gestores de nível médio despedidos (...) Toda a gente sabe que um emprego no sector dos serviços é um passatempo e que o comércio é um sítio onde as pessoas procuram "experiência", não uma forma de ganhar a vida (...) Em nenhum sítio esta mensagem foi tão bem interiorizada como na caixa registradora e no balcão de vendas [nota do autor do post: acrescentaria numa PA de um qualquer contact-center...], onde muitos trabalhadores dizem que se sentem como se estivessem de passagem, mesmo depois de se arrastarem durante uma década no sector do McTrabalho.
(...)[trabalhador da Borders Books and Music em Manhattan]"Ficamos presos nesta dicotomia de "É suposto eu viver melhor, mas não posso porque não encontro outro emprego". por isso dizemos a nós mesmos, "Só estou aqui temporariamente, porque vou encontrar uma coisa melhor". Este estado interiorizado de transitoriedade perpétua tem sido vantajoso para os patrões do sector dos serviços, que tiveram a liberdade de deixarem os salários estagnar e dar pouco espaço às oportunidades de progressão, uma vez que não há a necessidade urgente de melhorar as condições de empregos que, toda a gente concorda, são apenas temporários."
Naomi Klein (2000) "No Logo" p.257 a 259 (excertos)
in DN-Madeira 01-07-09
"Todas as empresas querem uma reserva fluída de trabalhadores a tempo parcial, temporários e independentes para as ajudarem a manter as despesas baixas e a acompanharem as reviravoltas de mercado (...) os habilidosos patrões das grandes marcas tornaram-se especialistas na arte de evitarem os compromissos para com os empregados, promovendo com mestria a ideia de que os empregados, de certa forma, não são verdadeiros trabalhadores e assim não precisam nem merecem segurança social, salários dignos e outros benefícios. A maioria dos grandes empregadores do sector dos serviços gere a sua força de trabalho como se os empregados não dependessem dos seus cheques de vencimento para coisas essenciais, como a renda ou a alimentação dos filhos. Em vez disso, os patrões do comércio e dos serviços tendem a encarar os seus empregados como crianças: estudantes que procuram um emprego de verão, dinheiro para gastar ou uma breve paragem numa carreira mais satisfatória e rentável(...).
(...)insistindo que continuam a oferecer empregos-passatempo para miúdos. Esquecem que o sector dos serviços está cheio de trabalhadores com múltiplos diplomas universitários, imigrantes que não conseguem encontrar emprego nas fábricas, enfermeiras e professores e gestores de nível médio despedidos (...) Toda a gente sabe que um emprego no sector dos serviços é um passatempo e que o comércio é um sítio onde as pessoas procuram "experiência", não uma forma de ganhar a vida (...) Em nenhum sítio esta mensagem foi tão bem interiorizada como na caixa registradora e no balcão de vendas [nota do autor do post: acrescentaria numa PA de um qualquer contact-center...], onde muitos trabalhadores dizem que se sentem como se estivessem de passagem, mesmo depois de se arrastarem durante uma década no sector do McTrabalho.
(...)[trabalhador da Borders Books and Music em Manhattan]"Ficamos presos nesta dicotomia de "É suposto eu viver melhor, mas não posso porque não encontro outro emprego". por isso dizemos a nós mesmos, "Só estou aqui temporariamente, porque vou encontrar uma coisa melhor". Este estado interiorizado de transitoriedade perpétua tem sido vantajoso para os patrões do sector dos serviços, que tiveram a liberdade de deixarem os salários estagnar e dar pouco espaço às oportunidades de progressão, uma vez que não há a necessidade urgente de melhorar as condições de empregos que, toda a gente concorda, são apenas temporários."
Naomi Klein (2000) "No Logo" p.257 a 259 (excertos)
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