2010-12-24

Num Natal diferente, vou rejeitar este ano a peúga.


Natal com bacalhau? O bacalhau do português que se preza chama-se atum!

Sim, porque o bacalhau tem que vir da Noruega, da Mongólia e da Terra Nova, ao passo que o atum está aqui mesmo à mão de semear; é nosso. Vai-se ali à Cruz Quebrada, ou à Trafaria, e pimba! Adiante: o Natal do bom português é regado com atum. Em cinco postas de se lhe tirar o anzol! Venha saboreá-lo na noite em que o teleósteo de cinco patas é mais nobre – a noite da consoada. Isto é ponto assente.

O Cabaret Maxime abre as suas portas – aliás, escancara as suas portas – para receber todos os aventureiros que rejeitam a peúga e o bacalhau de sempre, que isso da consoada em família é para meninos. O verdadeiro espírito natalício do séc XXI passa por largar a família, as peúgas, o bacalhau, o Malato e a Popota, e mergulhar nos prazeres da lasca, da posta, do tinto e do branco, e – obviamente – do atum!

A pensar nisso – sempre à frente do seu cardume – os Corações de Atum, banda revelação de 2010, recebem todos os amigos – e até os inimigos, pois é Natal – no presépio do Maxime, depois da meia-noite!

Venha ver o que é bom para a gripe. Compareça – traga as amigas, claro – e nataleça!
A não perder...


mais info aqui

Cabaret Maxime
Abertura de Portas: 00.30
Início Espectáculo: 01.00
Bilhetes: 10 euros



2010-12-23

por vezes a vida real parece um gag de comédia





imagem daqui

ao telefone.

- Boa tarde, estou a ter o prazer de falar com Luís Machado*?

- Não, é o filho.

- Correcto. Então importa-se de me indicar o seu nome?

- Luís Machado.



*nome fictício

2010-12-22

Invertendo o ângulo



reverse graffiti - retirado daqui


Se continuarmos a olhar a política como o palco de uns tais "eles" - em vez do lugar de um "nós" onde caibam todos -, não há mudança possível.
Sim: seremos cúmplices da crise se sob as desculpas habituais de "eles são todos iguais", "isto não há volta a dar-lhe", "é só cada um por si", acabarmos por encolher os ombros, ficar em casa, não escolher.


Jacinto Lucas Pires
Público 21.12.2010 p.37



2010-10-25

yellowing a dois tempos



diana mini F+ - redscale film ISO 100
(foto própria)



Com o solísticio de Inverno aí à porta* devidamente acompanhado de baixas temperaturas, nada melhor como recordar o Verão.



*post escrito a dois tempos (escrevo no dia 20-12-2010), acompanhando o longo ocaso porque passou este espaço.

2010-10-15

A Voz do Povo e a República. Hoje nos ecrãs, 8#PROJECTO10


...ou em alternativa, lançamento no Botequim da Graça, Largo da Graça nº79 pelas 20h.

Fica feito o convite.

10 cumprimentos
projecto10.pt






2010-10-10

Nos ecrãs no próximo dia 15.

PROJECTO10 #19 from PROJECTO10 on Vimeo.


Feito a partir de fotografias de Joshua Benoliel para a revista Ilustração Portugueza. Fonte: revistaantigaportuguesa.blogspot.com/​

A música é uma versão de Air, Suite No. 3 in D major, BWV 1068 (Air on the G String) de Johann Sebastian Bach.



slumdog millionaire with a million dollar baby dream





Womenboxing in India by Andy Spyra



2010-10-08

Inspirando o PEC

imagem Ji Lee




"Como bater o creme.

É nesta fase que o creme é transformado em manteiga. A ação mecânica de se bater o creme faz com que os glóbulos de gordura se agrupem liberando o leitelho (soro da manteiga)."

Newton de Alencar - "Manual do produtor de queijos, requeijão, manteiga, iorgurte e doces de leite" [encontrado numa estante de um qualquer café lisboeta]


Por vezes fico com a impressão que certas receitas milagrosas, provêm dos sítios mais insuspeitos.



training my good cop, bad cop routine


via pensarcusta



[Harry Callahan] "I know what you're thinking. "Did he fire six shots or only five?" Well, to tell you the truth, in all this excitement I kind of lost track myself. But being as this is a .44 Magnum, the most powerful handgun in the world, and would blow your head clean off, you've got to ask yourself one question: Do I feel lucky? Well, do ya, punk?"


Pseudo-Compassionate Break-Up [the machine version]

2010-10-07

Em jeito de lembrete




ilustração Rúben Nobre






"Da República centenária poderemos extrair vários ensinamentos. Entre eles, destaca-se um: não é da crispação que nascem as soluções para os problemas. Impõe-se, pois, que exista um compromisso político de coesão nacional"

Cavaco Silva no último 5 de Outubro




[publicado em simultâneo no blogprojecto10]

irreverência juvenil





"It is dangerous to be right in matters on which the established authorities are wrong"

Voltaire

por vezes esqueço-me que são de vénus



toca e foge



A fanfarra já anda na rua. Com o seu Q qualidade - tendo em conta isto. Já na segunda edição. À quarta às 22:40 (por volta disso) ou então noutra altura por aqui.

2010-09-28

Lomo Experiences


foto própria


Irónico como num dos Verões mais quentes que me lembro, apenas fui duas ou três vezes à praia.


sometimes you need to aim high

2010-09-27


My celebrity sex tape.


2010-09-22

M.A.U. - Backseat Love Songs


Os portugueses M.A.U. (Man And Unable) efectuam hoje um concerto de lançamento, do seu 3º álbum, no ecléctico Music Box em Lisboa. Dentro de um género electro/new wave, o colectivo constituído por Luis F. de Sousa (Voz, Sintetizador, Programação), Nuno Lamy (Sintetizador e Baixo), Pedro Oliveira (Guitarra), Eliana Fernandes (Sintetizador e 2ªVoz), Alex Zuk (Bateria), faixas porta-estandartes deste "Backseat Love Songs" como "Toboggan" ou "Yoyoyoyo", prometem incendiar as pistas de dança. Para comprovar esta noite.

para prévia audição, consulta de sítio próprio e demais interacções com a banda:


MÚSICA
QUA 22 DE SETEMBRO
Music Box, Cais Sodré - Lisboa
22h30 · Grátis


[igualmente publicado em blogprojecto10]



2010-09-21

O Síndrome de Estocolmo II



(continuação)


Tony Judt, eminente historiador recentemente falecido em Agosto passado, no seu último livro "Ill Fares the Land" [a ser editado em português pela Editora 70 no último trimestre do ano - em inglês já disponível no país] tentava alertar precisamente para esta questão, sugerindo uma defesa radical da social-democracia e do estado previdência por parte das novas gerações. Para o mesmo, ideias de pertença em comunidade e a existência de mecanismos de solidariedade, sustentáculo baluarte do modelo social europeu e indutores de maior igualdade em termos societais, tinham sido progressivamente destituídos por uma crescente individualização que acabou por gerar uma maior desigualdade, redundando numa maior sensação de insegurança e medo. Com isso, quebrou-se um ciclo virtuoso que o mundo ocidental viveu até meados da década de 70.

Obviamente, Judt defende um modelo mais igualitário, sem que no entanto belisque a liberdade individual [apoiando-se largamente em muitos estudos efectuados em países da OCDE sobre igualdade do livro "The Spirit Level - Why Equality is Better for Everyone" de Richard Wilkinson e Kate Pickett]. Mas a ideia de Estado enquanto actor central da vida colectiva, intervencionista, mas nada totalitário, à semelhança do New Deal ou do sistema alemão, é algo que o autor assume como necessário. Para o mesmo, em contextos de maior depressão económica, o Estado pode constituir a última membrana de protecção para o indivíduo.


Daí a necessidade de identificar as causas que levaram a esta erosão. Daí a necessidade de recuperar argumentos que rebatam uma visão estritamente economicista da sociedade. Daí a necessidade de recuperar um certo argumentário que se julgava perdido para contrapor ao discurso imperante nos últimos anos. Judt e a sua geração, acabam por ter sido os grande beneficiários de todos estes ganhos, sendo igualmente legítimo referir que muito provavelmente a minha geração, será a primeira que viverá tendencialmente pior que os seus pais.


Hoje em dia, todos estes conceitos têm sido postos em causa. A forte desregulação de mercados e a crescente erosão do poder dos Estados face a outras entidades económicas, é deveras real e em parte explica toda esta situação.



Face à falência dos sistemas de previdência, olhando às condições e premissas sobre os quais foram criados, urge incentivar uma rápida reflexão sobre o caminho a seguir, procurando preservar as boas valências do mesmo. Ainda que os sistemas sejam diferentes de país para país - devido a contextos histórico sócio-culturais, o debate acaba por ser o mesmo seja na Suécia, seja em França onde as greves ocorrem - com reivindicações que muito provavelmente não farão sentido- seja no nosso país, onde em minha opinião um projecto de revisão constitucional desvirtua o princípio de igualdade e livres condições de acesso a bens para a devida realização pessoal, que o Estado deveria facultar. É verdade que o nosso estado previdência não é perfeito, não está isento de falhas, nem é de longe sustentável. Mas foram inegáveis as suas conquistas. Assim como faz todo o sentido, num dos países mais desiguais da Europa Ocidental, repensar o mesmo.

Ainda que tendencialmente torça o nariz às propostas apresentadas - que supostamente não "acabarão" com o Estado Previdência, mas na prática todos já estão a ver que levarão a um consequente sub-investimento no sector público, em prol do sector privado, e aqui é uma questão ética: aos privados, por muito boa vontade que possuam, movem-se por uma questão de lucro; ao Estado deve mover a prossecução e defesa do interesse público e dos seus cidadãos - saúdo ainda assim o levantar da questão. Isto porque obriga que o outro lado possa recuperar o seu argumentário. E obriga a um repensar de um modelo que é neste momento manifestamente insustentável nestes moldes.



[publicado em simultâneo no blogprojecto10]


O Síndrome de Estocolmo I


foto: Márcio Barcelos (aka bob)


O Síndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de raptos, manifestando-se normalmente por uma simpatia ou tentativas da vítima em se identificar com o raptor.

Tendo estado no poder na Suécia em 65 anos, nos últimos 78 anos, os sociais democratas sofreram uma segunda derrota consecutiva pela primeira vez desde a década de 30. Tido frequentemente pela esquerda como o país modelo do Estado Providência, a derrota da coligação que integrava os sociais-democratas, tidos como os guardiãs deste modelo, suscitou várias reacções e interrogações dos mais variados quadrantes, havendo quem já indique que este é meramente um indício do fim de uma era, vislumbrando alguns o fim do chamado Modelo Social Europeu.

Baseando o modelo numa elevada carga fiscal, sustentando um sistema proactivo com serviços públicos de excelência que acompanham o cidadão durante toda a sua vida [o chamado "from cradle to grave"], este país, através da acção em espacial do antigo primeiro ministro Olaf Palme, combinou este sistema com uma economia de mercado bem liberalizada.

Poderia efectuar uma contextualização histórica mais extensa, afinal de contas, todo este processo foi gradual e a própria criação e maturação do modelo assentou na adopção precoce de medidas de previdência, algo aceite por ambos os lados do espectro político, assim como a existência de uma estreita relação entre uma forte sindicalização da população e a adopção de vias dialogantes com o poder vigente, redundando num modelo societal com altos níveis de solidariedade e senso de comunidade, mas importa reter que neste momento a Suécia é o país do mundo com a maior taxa de população que é possuidora de acções - cerca de 25%. Mais, se adicionarmos a propriedade de algum fundo de investimento ou de pensões, esta taxa dispara para os 80% da população.

Daí que o título deste texto - que retirei do editorial desta segunda feira no Guardian - faça todo o sentido. Num modelo altamente protector, mas dispendioso, e com uma economia de mercado altamente liberalizada, a população sueca, que pelos padrões acima pode-se considerar abastada, acabou por ficar com pulsões mais individualistas e Torbjörn Nilsson, jornalista do semanário sueco Fokus, num artigo antes das eleições, prevendo uma vitória do bloco de centro-direita, questiona-se se "será que o conceito de ética no trabalho [tão afecto ao modelo anglo-saxónico] se sobrepôs ao da igualdade solidária?".

Esta poderia ser uma leitura algo simplista - afinal de contas há mais factores que ajudam a explicar a derrota dos sociais-democratas suecos, entre os quais um primeiro mandato do bloco de centro-direita que pouco ou nada mudou o modelo social vigente, quer a capitalização do descontentamento de franjas da população face ao desemprego crescente, num país onde 14% da população é imigrante, explicando assim a rápida subida da extrema-direita dos Democratas da Suécia - mas levanta-nos uma série de questões, que remetem-nos em alturas de crise, para o questionar da própria sustentabilidade económica de sistemas solidários de previdência como os europeus - que entre si já são algo díspares, isto numa altura em que as condições demográficas e económicas que os proporcionaram se alteraram radicalmente. Que reformulações e adaptações possíveis sem que se perca este vínculo comunitário?


(continua)


[publicado em simultâneo no blogprojecto10]



i'm still here

em modo minimalista

2010-09-09

Apresentação 7# Projecto10.



Fica feito o convite. Hoje pelas 21.30 no Fábulas, no Chiado.



Os extremos tocam-se?

PROJECTO10 #17 from PROJECTO10 on Vimeo.




Descubram dia 9 do 9.



2010-09-08



Tempos difíceis para um idealista.



2010-08-17

PROJECTO10 #15 from PROJECTO10 on Vimeo.



“No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent.”

Jonh Dunne



Desde dia 5 nos ecrãs! Ilha - projecto10.pt



2010-07-19

synchronized drowning


For these days, a strange metaphor



2010-07-18

Uma questão de precedência


Gosto da maneira épica como a RTP anuncia o filme do mês, assim como o filme da semana. Para depois colocar os dois no mesmo serão um a seguir ao outro.

A ditadura das audiências tem o seu quê de esquizofrénico.







Hey buddy



2010-07-16

para memória futura

18-06




"Gravitation is not responsible for people falling in love". Albert Einstein


imagem 9gag







[conceito lomográfico num pequeno estúdio fotográfico em Santarém] "Menino, mas as fotos estão todas sobrepostas. E têm formatos diferentes. Não consigo revelar isso. O rolo está estragado!"


Cartaz da autoria do Bob. Para um concurso com o patrocínio de um certo Projecto, cujo 1º prémio é uma publicação no mesmo. Fica dada a dica - clicar aqui.

2010-07-15

Unknown Road






2010-07-11

Espanha vs Holanda



Ou o combate mortal entre o racionalismo tentacular alemão de Paul e o misticismo exótico pontuado com alpista do singapurense Mani.

A sucção contra chilrear. A envolvência contra a esquivez. O borrão de tinta contra a cagada de pássaro.

Terá Paul a retaguarda dos orientais amigos, Harry "Crocodilo Dundee" e Lui Ping o monocromático panda tailandês?

Ou conseguirá Mani suster todo este ímpeto com a sua brigada Hanseática constituída por Apfelsin e Pino, o porco e o chimpanzé estónios [porém nascidos em Amsterdão]?

Não perca. Muito mais que um simples jogo, toda a ética futurológica no reino animal pode ficar definida hoje. Como se uma bola de cristal se tratasse. Ou neste caso um balde de ração.

Hoje às 19.30.




2010-07-06

"A pólis somos nós e o que dela fizermos. Sejamo-la, pois."

PROJECTO10 #12 from PROJECTO10 on Vimeo.



Já online 5#Projecto10 . Pólis e as suas múltiplas vertentes.

www.projecto10.pt






Sporting: entre a Disney e a Sidra



by Mark Velasquez roubada daqui



O Branca de Neve e o anão ou a maçã podre em via de fermentação.



"bulbing"




taken from pensarcusta






2010-07-05

Portugueses no Mundo - RTP1


Galeria de Arte Urbana ao Elevador da Glória (imagem própria via telemóvel)



"Abrimos as portas mais desconhecidas e alternativas de algumas cidade...Por todo o lado, há sempre Portugueses pelo Mundo...

Num país longínquo da Ásia, numa zona movimentada (ou desconhecida nalguns casos) da América, num canto de África, ou da Europa… Por todo o lado, há sempre Portugueses pelo Mundo. São pessoas que partiram das suas terras, mas que mantêm vivas as referências com Portugal.

Homens e mulheres que se acomodaram a novas temperaturas, novas culturas, novos sabores, novos amigos e que agora desfrutam do lugar onde vivem. Portugueses pelo Mundo mistura um programa documental com um programa de viagens. Em cada programa veremos entre cinco a sete histórias de portugueses que residem algures no planeta.

As histórias de cada programa irão entrelaçar-se umas nas outras e serão bem diferentes entre si, baseadas nas características individuais dos entrevistados, nas suas famílias, nos seus amigos, nos seus colegas de trabalho. Alguns protagonistas serão mais exuberantes, outros mais ponderados; alguns estarão totalmente adaptados à nova realidade que lhes cabe viver, outros estarão a dar os primeiros passos.

O único rasgo distintivo que se repetirá em todas as histórias e, por conseguinte, ao longo do programa e do ciclo, é que todas serão dinâmicas, ágeis e terão como cenário um país ou um lugar(...)"

via rtp.pt


Um dos melhores documentários que vi na generalista nos últimos tempos. Arejado, dinâmico e bem feito. Procurando igualmente fugir ao protótipo comum neste tipo de programas. E mostrando uma nova geração de pessoas que faz a sua vida fora do rectângulo (alguns desbobinadores aqui no blog). Uma verdadeira surpresa numa noite de sábado sem planos. Fica a dica!

2010-07-03

mobilidade ao cubo


Diana Mini F+ shot@Faro harbor (taken by Bob)




Esta semana, um madeirense que vive em Lisboa, foi ao Porto apanhar o avião para Faro.





2010-06-24

Os putos já estão condenados.


"These kid's don't known they're working class; they won't known that until they leave school and realize that that the dreams they've nurtered throught childhood can't come true."


The Spirit Level - Why Equality is Better for Everyone (Wilkinson & Pickett) Penguin Books pp.117


Ironia como num raio de 200 metros numa das zonas de maior expansão imobiliária de Lisboa, temos um dos colégios mais selectos do país - segundo consta, a lista de admissão é praticamente impenetrável - temos uma escola pública num bairro degradado, com parcas condições para não dizer deploráveis, e no meio, entre as duas numa mera distância de menos de 100 metros, temos com um antigo armazém degradado que serve de abrigo a toxicodependentes que ali livremente se deslocam e pernoitam, havendo pouca ajuda disponível (pelo menos a nível visível) para reabilitá-los. Isto acontece em plena Lisboa (não vou nomear o sítio), mas poderia acontecer em qualquer parte do país.

Estive hoje na tal escola do bairro carenciado, pese toda a disponibilidade e boa vontade evidenciada pelos auxiliares e membros de ATL, ao olhar para aquelas crianças e ao ver aos seus pais, a primeira ideia que me ocorreu foi precisamente o título que pontua este texto.

O contexto social, a disponibilidade financeira dos pais, o grau de confiança existente na comunidade onde a criança interage e os estímulos que a mesma recebe, são tudo factores que influem no desenvolvimento das crianças, tendo um real impacto nas sua vidas adultas.

Sociedade altamente desiguais como a nossa, apenas estimulam e agravam estas disparidades, contruíndo uma abstracção de sociedade onde uma parte vive numa espécie de redoma de vidro longe de todas as adversidades, dentro dos seus condomínios e uma outra parte vive em quase estado de sítio, em contextos onde a confiança e segurança não abundam, repercutindo-se isso numa espécie de ciclo vicioso que afecta todos os aspectos da vida, afectando e quebrando os naturais e solidários laços que uma saudável sociedade deve possuir.

Um pensamento a ter em conta, quando num contexto de crise, são propagados argumentos populistas e demagógicos, como cortes em programas estatais no campo da assistência e na correcção de assimetrias existentes, numa pura lógica economicista sem olhar aos efeitos que tal medidas faria.

O ataque às consequência e não às causas, como p.e. os argumentos securitária e autoritários muitas vezes implicam, é outra característica da opção por lógicas suicidas a curto-prazo que nada farão se o problema não for abordado na sua raiz e numa lógica a longo-prazo.

Até porque as consequências advindas de uma sociedade mais desigual, não só afectaram os estratos mais baixos dessa mesma comunidade, como afectaram todos os outros, diminuindo a qualidade de vida, tornando menos solidária e confiante toda a sociedade (mais desconfiada e menos altruísta) e tornando em última instância, mais onerosa para o Estado a manutenção de certas operações vistas como essenciais (segurança, custos com saúde, etc.).

A redução desta disparidades, deveria ser assim vista como prioridade máxima.

Assim de repente, depois deste texto e sabendo-se as terríveis disparidades no nosso país - assim como a lógica adoptada, afinal de contas não constituirá assim tão grande ironia a existência destas contradições num curto raio de espaço. Isso é algo que uma grande parte da nossa classe dirigente ainda não se deu conta. Fazia bem saírem da redoma de vidro de vez em quando.



2010-06-23

"Be Yourself"



roubado a pensarcusta

os limites de RP

imagem daqui


"Há 522 anos, Bartolomeu Dias conseguiu, pela primeira vez, ultrapassar o Cabo das Tormentas, demonstrando que era possível ultrapassar o extremo Sul de África por mar, apesar de muitas tempestades e perigos.
O nome foi mudado para Cabo da Boa Esperança e é esta esperança que hoje, quase sete séculos depois, vocês vão continuar a alimentar. Na mesma cidade, apesar de todas as dificuldades e perigos, contra ventos e marés, vocês conseguirão manter bem vivo o sonho português, conseguirão dobrar todas as tormentas. E eu estarei aqui, tão longe e tão perto, a torcer, a vibrar e a festejar com vocês.
Hoje, todo o Mundo perceberá quem são os guerreiros nacionais."

Jornal A Bola, 22-06-10 pp.10


Esta é uma suposta nota de incentivo enviada por Nani aos seus colegas antes do jogo com Coreia do Norte, lida hoje n'A Bola. Depois de ter lido numa entrevista - feita por email com o Público - onde entre muitas coisas, Cristiano Ronaldo compreendia o aumento de impostos por parte do Governo, não era contra o casamento homossexual ou verificar que o mesmo tem uma concepção igualitária da sociedade, tendo todos os cidadãos os mesmos direitos e deveres, eis Nani a nos brindar, com todos os seus conhecimentos de história, uma interessante e erudita nota de motivação aos seus colegas.

Confesso que tenho muito apreço pelas capacidades dos jogadores em causa e certamente nada invalida que os jogadores em causa não possam ter tais pensamentos, mas olhando ao escrito, alguém acredita que tenham sido os mesmos a redigir tais respostas ou notas? É que as demonstrações públicas dos mesmos foram no sentido contrário - vide a futilidade e deserto de opiniões, como o mostrado em programas [intragáveis] como os Incríveis.

Nada invalida que possa haver alguém com dois dedos de testa [quero vivamente acreditar que existe], debaixo do habitual protótipo: jogador com a beldade da semana, carro de alta cilindrada, a roupa parola da moda, as experiências capilares e a irreverente tatuagem. Mas também é certo que numa era onde a informação circula a nível cada vez mais rápido e profundo, onde os jogadores estão cada vez mais expostos, há limites para o RP e para a assessoria de imagem. É que em última instância, a própria imagem do jogador acaba por sair lesada.

Questão de postura.


Saramago Pop Art retirado daqui


"(...)2010 es ya, para siempre, el año de la muerte de José Saramago, pero tus libros forman un maravilloso bosque de dignidad. Y yo me abrazo al árbol para mantener tu memoria."

José Luis Rodríguez Zapatero (1ºministro espanhol num memorial no El País)


Nutrisse ou não afecto pela pessoa, Cavaco, como presidente de todos os portugueses, deveria ter estado no passado domingo, nas cerimónias fúnebres de José Saramago, um dos maiores nomes da cultura portuguesa - ainda para mais, quando até declarou dois dias de luto nacional. Ao não comparecer, Cavaco, cuja animosidade para com Saramago era deveras conhecida (e era recíproca), mostrou uma pequenez de carácter e uma falta de tacto que apenas o desprestigia.

Aqui ao lado, até o primeiro ministro espanhol, não se furtou à feitura de memorial, publicado num dos maiores jornais daquele país. Questões de postura.

2010-06-21

O bobina no ártico

A minha participação num projecto de investigação de forma polígonais com análogos terrestres (ANAPOLIS) levou-me ao arquipélago de Svalbard, acima do círculo polar ártico. O nosso blog de divulgação das campanhas de campo pode ser visitado no endereço http://svalmarte.blogspot.com/

A campanha está a correr bem embora as temperaturas baixas e o vento gelado dificultem os trabalhos. O dia constante, com o sol da meia noite é realmente uma coisa fantástica, mas baralha um bocado o nosso sistema, pois uma pessoa nunca sabe que horas é que são. Ficam algumas imagens...

O nosso trabalho de campo


            As famosas renas...a meio da tarde



    O sinal de perigo ursos polares com o sol da meia-noite.


by Pedro Vieira "roubado" daqui