2012-12-17

RTP



Hoje deparei-me com algo que considero um pouco surreal.

No final do Zoom África, programa informativo da RTP dedicado ao continente africano, em especial aos países lusófonos, ao efectuarem a revista de imprensa diária, ao focarem a página "online" do Jornal de Angola,

deparamo-nos com esta notícia em grande destaque no ecrã - um grande título: "PORTUGAL PARAÍSO DE PEDÓFILOS" (algo quase impossível de fugir no enquadramento de imagem).
Face a isto, o que aconteceu é que a "pivot" simplesmente ignorou esse grande destaque (quase constrangida, tentando de forma inglória fugir a tal chamada de atenção), dando relevância a outras notícias que estavam em rodapé.

Claro que não vou discutir critérios de escolha ou de qualidade informativa da própria estação.
Mas tendo em conta todo o contexto que a empresa vive, sendo um orgão informativo público que aparentemente irá ser alienado, havendo uma intenção já firmada de aquisição (de parte?!?) da RTP por um grupo luso-angolano baseado numa (obscura) off-shore no Panamá.
Tendo em conta os sucessivos editoriais bem baixos que pessoalmente qualificaria de "ressabiados" (feitos quase sempre numa lógica de "vendetta"), não me surpreende que o título desta notícia esteja ao nível de um pasquim qualquer, o que obviamente aceito e não é a razão pela qual escrevo aqui.

Irrita-me muito mais esta espécie de auto-censura por parte da RTP, no que interpreto como uma tentativa em não querer causar qualquer tipo de fricção com um possível comprador - que segundo e crê, tem boas relações com o Estado angolano, do qual o Jornal de Angola é o órgão oficial.

Fazendo novamente a ressalva que a RTP é soberana no seu critério jornalístico, não deixo de comentar que a mesma, se enveredar por um caminho onde tenta fugir a focos de clara fricção com futuros compradores, ao persistir nesta espécie de auto-censura, presta um muito mau serviço ao país. Para além de suscitar dúvida sobre a independência do seu serviço informativo. Espero sinceramente que não tenha sido este o caso.

Já agora sobre a notícia em questão. À parte de considerações na matéria em questão, acho engraçado quando o Jornal de Angola, se "arvora" em paladino da luta contra a desigualdade.

Eis excertos da notícia.

"(...)Desde 2008 que milhares de crianças são abusadas na maior das impunidades, o que faz de Portugal um verdadeiro paraíso para os pedófilos(...)A crise em Portugal atirou com centenas de milhares de famílias para a pobreza extrema. O país é hoje o mais desigual da União Europeia. As medidas de protecção à infância não funcionam ou simplesmente são ignoradas pelos poderes públicos. Por isso aumentam diariamente os casos de abusos sexuais e maus-tratos de menores."

(in Jornal de Angola)

2012-11-16

Marchar , marchar!

A revolta, a desesperança, o desespero, o rancor, a tristeza são sentimentos estampados nas caras das pessoas com quem me cruzo nos transportes, no supermercado, na rua e até em concertos de rock. Os olhares são de ódio, de inveja, de insegurança, de infelicidade. Mas maioritariamente de desilusão. Oiço menos risos e gargalhadas, menos espontaneidade, menos descontração; até sinto falta de ouvir grupos a planear jantares, festas ou viagens; a planear simplesmente. Tornamo- nos numa sociedade de “nãos”. Não a planos, não a risos, não a festa, não a viagens, não a filhos. Não a tudo que possa ter uma componente finaceira. Passa a ser tudo decidido pelo seu valor quantitativo. O qualitativo fica para depois, para depois da austeridade. Até o humor negro parece estar de greve.
As imagens que no dia de ontem de alguma forma todos tivemos acesso acentuou ainda mais todos estes sentimentos.
Estudos sociológicos falam-nos dos comportamentos de grupo e da violência que pode despertar de forma imprevisível. Certo. Fala-nos também que violência gera mais violência. Certo. Em todo o mundo observamos episódios como os que assistimos ontem. Ataques mútuos e inconscientes em direcções erradas e sem qualquer impacto ou intenção positivos. Ataques que trazem mais desordem, mais tristeza, mais desespero.
É devastante que nesta altura do campeonato em que as manifestações assumem um caracter decisivo na união e força de uma sociedade, haja espaço para comportamentos disruptivos com objectivo nenhum para além da desordem e da violência. Uma violência directa, assumida. É devastante que a resposta a essa violência seja uma violência também indiferenciada.
Andamos todos em luta contra as forças erradas. Há uma enorme falta de respeito pelo trabalho das forças policiais e pelos manifestantes. Vergonha! Vergonha é o que sinto! E revolta-me discursos apoiantes de qualquer um dos lados! Revolta-me discursos de que as forças policiais apenas violentaram manifestantes. Não viram as centenas de pedras na escadaria da Assembleia da República? Por quanto tempo as forças policiais foram provocadas e agredidas sem puderem virar costas à situação? Quanto tempo foram agredidos verbalmente? Insultados? Rebaixados? Serão pessoas que estão por trás dos capacetes e bastões? Terão sentimentos, será que sentem dor? E eles? Como podem "entrar a abrir e varrer manifestantes" de forma indiferente? Contra pessoas que estão paradas e sem atitude agressiva? Contra idosos? E agridem uma vez, e outra, e outra…? Não é deles a função de manter a paz social? Que pessoas são essas? Será essa a única forma de acabar aquele cenário? Terá sido uma resposta dada na mesma moeda?
Uma verdade é certa: estamos todos em luta. Somos todos responsáveis; irracionais quando temos de ser, sentimentais quando nos magoam, violentos quando nos atingem.
Que ninguém se esqueça da verdadeira luta. Uma luta que não é das forças policiais contra os manifestantes nem dos manifestantes contra as forças policiais.
Para quando uma manifestação de todos?

2012-11-02

o anjo da pena torta

 imagem by desbobina


 
"futebol e escrita. linha, ir à linha, escrever à linha. bola e palavras.
história. estórias. palavras sobre bola. com historia.
nasce assim uma nova casa, um novo projecto, com palavras, história e bola.
bola na linha.
"

bolanalinha.tumblr.com
o novo projecto de João Tibério (JJT).



 

2012-10-22

Repita por favor:


image by aventuralx



"(...)Um país não é uma empresa.
Portugal não é uma empresa.
Portugal não é uma sociedade anónima, nem uma SA, nem uma SGPS.
Repita por favor: um país não é uma empresa e tentar governar o país como se fosse uma empresa dá asneira.
Mesmo
que a empresa seja a mais bem gerida do mundo.
Um país é um país. As regras são outras. Os métodos são outros. Os procedimentos são outros. As pessoas certas são outras.
Repita: as pessoas certas são outras.
A escolha de pessoas devem obedecer a outros critérios. Porque um país não é uma empresa, não é uma burocracia, não é uma empresa de marketing, não é uma consultora, não é um think tank, não é um blogue dos nossos, não é uma secção partidária, nem um 'grupo geracional' vindo de uma 'jota' qualquer que toma o poder.
O modo como as coisas no país funcionam é outro.
O modo como as coisas não funcionam é outro.
A ciência é outra. O ruído é outro.
O sucesso tem regras diferentes. O fracasso tem regras diferentes.
Há coisas parecidas por analogia mas não por homologia.
Repita se faz favor: um país não é uma empresa. (...)"

 
José Pacheco Pereira (crónica publicada no Público - edição impressa 20-10-2012)

2012-10-18

hoje como ontem

(imagem by Desbobina)


Temos a enorme sorte de contar com Vítor Gaspar"

António Borges (via Público)

 


De repente, parece que estamos de volta a 1926. É só comparar com o que se dizia na altura de António de Oliveira Salazar.

2012-10-16

Limite



Acabei há minutos de chegar a casa, vindo do cerco ao Parlamento, onde estive nas últimas horas.

Pelo que aconteceu - que incrivelmente pelo que vejo, foi parcamente referenciado pelos media formais (de repente questiono-me o porquê de termos três canais de cabo noticiosos) - com tudo o que aconteceu, o protesto passou para outro patamar. Houve fogueira, semáforos deitados ao chão, carga policial com algum pânico na descida...

O cidadão comum neste momento está algo radicalizado e atingiu um limite de saturação. Eu pelo menos confesso que atingi.

Por muito que tente ver mais além, já não dá mais. 


Desculpem o desabafo.







2012-10-12

leituras (por João Tibério)



ele lê o jornal toda a santa-noite.
acorda cedo, naquele-cedo-que-nem-traz-sol, e lê mais uns blogs.
vai à rua e compra umas revistas. lê-as de fio-a-pavio.
passa no café e ouve as notícias da rádio. frescas como o pão da padaria em frente.
pouco depois, já no gabinete, vê o noticiário e até escuta o vox-populi. é conhecido por estar sempre informado. por conhecer todas as fontes, todos os dados, todos os pormenores.
tudo.
ele gosta disso. de ter sempre a resposta na ponta da língua.

hoje o filho perguntou-lhe: como será o amanhã?
amanhã?
não, pai. o amanhã.

silêncio.

um soco no estômago.
e uma lágrima rebelde a cair.

só sabia que não tinha resposta. só sabia que não havia futuro.


(brilhante rascunho de  João Tibério)




2012-10-04

2012-10-01



E agora Tozé?





Eric Hobsbawn, um dos mais influentes historiadores do último século, morreu esta manhã, em Londres. 
Hobsbawm escreveu várias obras que o tornaram uma referência mundial, entre as quais se destacam quatro livros marcantes sobre a História europeia de 1789 a 1991 – “A Era das Revoluções” (1962), "A Era do Capital" (1975), "A Era do Império" (1987) e "A Era dos Extremos" (1994). A sua autobiografia, “Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX”, foi publicada em 2002.

Hobsbawm era igualmente um grande apreciador de jazz. Escreveu durante cerca de 10 anos, uma coluna mensal no New Statesman, assinando com o nome Francis Newton, um trompetista (igualmente comunista como ele) que tocou "Strange Fruit" de Billie Holiday. 

No dia mundial da música, fica aqui a pequena homenagem.



2012-09-27

Hail the King!



10th to 21st October 2012.
 In Peniche, Supertubos - in "The European Pipe".

Once again to see King Slater.

Link



Because we're still here!


2012-09-26

Não sejas boneco!



Todos ao Terreiro!

Por uma outra via!





2012-09-25

 


Não queiras ser boneco. É possível outra alternativa!




Foot.Ballroom



The Beautiful Game in a musical glance.
It takes two to Tango. 
Tiki Taka takes eleven. 

(on tumblr and now also on facebook





2012-09-21

Ouro? Mirra? Incenso?



Não. 
Apenas mudança!



2012-09-18

Cessou o medo. Sopra o vento.



Não é necessária nenhuma fatia de bolo-rei. Basta-nos uma mudança de facto.






o povo é sereno.


 créditos foto: José Manuel Ribeiro/Reuters








2012-09-15

2012-09-13

Da abstenção violenta à oposição realista.


Eurocaristia by +-
 

"Há uma linha que separa a austeridade da imoralidade."

José António Seguro













alienação




candidatos ao Ensino Superior em 2012: 45.078
 candidatos à Casa dos Segredos 2 em 2012: 88.000


"All television is educational television.  The question is:  what is it teaching?"


 

2012-09-10

Foot.Ball.Room

 


The Beautiful Game in a musical glance. 
It takes two to Tango. 
Tiki Taka takes eleven.

2012-09-07

.|.



2012-09-03



I want to wake up in the city, that never sleeps.

2012-08-11

2006-2012



Adivinhem quem faz 6 anos e até já vai para a primária?






2012-08-09

pussy riot


"Even though we are behind bars, we are freer than those people,"

Nadezhda Tolokonnikova

“the ever turning wheel of life”


SAMSARA Theatrical Trailer from Baraka & Samsara on Vimeo.

Prepare yourself for an unparalleled sensory experience. SAMSARA reunites director Ron Fricke and producer Mark Magidson, whose award-winning films BARAKA and CHRONOS were acclaimed for combining visual and musical artistry. 

SAMSARA is a Sanskrit word that means “the ever turning wheel of life” and is the point of departure for the filmmakers as they search for the elusive current of interconnection that runs through our lives. Filmed over a period of almost five years and in twenty-five countries, SAMSARA transports us to sacred grounds, disaster zones, industrial sites, and natural wonders. By dispensing with dialogue and descriptive text, SAMSARA subverts our expectations of a traditional documentary, instead encouraging our own inner interpretations inspired by images and music that infuses the ancient with the modern. 

Expanding on the themes they developed in BARAKA (1992) and CHRONOS (1985), SAMSARA explores the wonders of our world from the mundane to the miraculous, looking into the unfathomable reaches of man’s spirituality and the human experience. Neither a traditional documentary nor a travelogue, SAMSARA takes the form of a nonverbal, guided meditation. Through powerful images, the film illuminates the links between humanity and the rest of nature, showing how our life cycle mirrors the rhythm of the planet.

2012-08-03

my new toy


from bratislava with love



2012-08-02




"Quando a teoria não acompanha a realidade, devemos mudar a teoria ou a realidade?" 
Manuell Castells

2012-07-26

Bibliografia


APELO AOS PRÍNCIPES – campanha de angariação de fundos from Filme Bibliografia on Vimeo.


Campanha de angariação de fundos para a produção e realização de BIBLIOGRAFIA um filme de João Manso e Miguel Manso. Valor do pedido: € 6.000,00. Nib: 0036 0192 9910 0056 0976 3. Os autores e a CAMONE – Associação Cultural (associação sem fins lucrativos que produz este trabalho) agradecem todas as ofertas e actualizarão a soma que for sendo depositada em filmebibliografia.com. Colocarão ainda o vosso nome nos agradecimentos e, para doações mais generosas, oferecem uma cópia digital do filme, assinada pelos autores. Para tal é necessário que se identifiquem com nome e contacto no descritivo da transferência. Esta campanha termina no dia 17 de Setembro de 2012 e a produção estima ter o filme pronto no 1º trimestre de 2013. Para quaisquer esclarecimentos utilizar os contactos disponibilizados no site. A todos quantos possam ajudar o nosso muito obrigado.

BIBLIOGRAFIA é um filme-documentário-performance com realização de João Manso e Miguel Manso; direcção de fotografia de Takashi Sugimoto e direcção de som de Nuno Morão. Na jangada flutuam e naufragam Miguel-Manso, Vasco Gato, Tiago Sousa, Natxo Checa e Maria Leite. As filmagens começam em Setembro de 2012.

2012-07-21


não é o amor que nos une, mas o pânico - Borges

2012-07-13

o problema não é a relva.



"o problema não é a relva. são as ervas daninhas que se tornaram tão frequentes que já são moda."

ler texto completo aqui

2012-06-29

football strings



"(...) O futebol é tão belo enquanto espectáculo sensitivo como na qualidade de representação e divagação. Gosto do futebol como jogo, paixão, estratégia, coreografia e vida. Está lá quase tudo. Não foi, por acaso que Albert Camus, esse filósofo com um lado solar, afirmou um dia: "Tudo o que sei sobre a moral devo-o ao futebol." Frase lapidar e extraordinária. Como uma outra que passo a citar: "Aprendi que a bola nunca vem até nós por onde a esperamos. Isso ajudou-me durante a vida, sobretudo nas grandes cidades onde as pessoas não costumam ser propriamente rectas." Vai ainda mais longe afirmando que "com o futebol aprendeu a ganhar sem se sentir um deus e a perder sem se sentir um lixo". Ele era guarda redes na equipa da Universidade de Argel, onde então estudava. A sua opção no campo tinha uma razão de ser: pobre, quase miserável, a sua avó inspeccionava-lhe todos os dias o estado dos sapatos, pelo que ele teve que optar pela posição em que estes menos se desgastavam. Camus, um dos grandes pensadores da liberdade, foi afinal de contas guarda-redes por razões de necessidade. Isso não o impediu de encontrar no futebol os princípios morais que fundariam a sua filosofia moral. (...)"

Francisco Assis in Público 28-06-2012 (edição de papel)

FC St. Pauli Fans gegen Rechts.





Excelente vídeo. Excelente escolha musical. 
O segundo equipamento dos Piratas.

2012-06-27

Lonesome George



Lonesome George morreu.

Aquele que era considerado o ser mais raro do mundo morreu.

Lonesome George, uma tartaruga gigante das Galápagos, o último sobrevivente da subespécie "chelonoidis nigra abingdonii" morreu.
Ainda jovem. Com a redonda idade de 100 anos. De enfarte cardíaco. Na flor da idade, dizem os biólogos.

Pior do que isso, "Jorge Solitário" - o persona de engate que metodicamente tinha criado (dizem que as miúdas não resistem a um bom sotaque espanhol...) - morreu sozinho. Pobre Jorge.

Vindo dum sítio com Pinta, da ilha com o mesmo nome situada no arquipélago das Galápagos, muitos esforços tinham sido feitos para Jorge juntar os trapinhos. Desde há décadas que tudo e mais alguma coisa era feito. Suponho que no início com saídas a 4 com algum casal amigo. Numa fase muito mais avançada, imagino que recorrendo a agências de encontros. Ou pior, em desespero, já nos últimos anos, investigadores que se diziam amigos, oferecendo 10.000$ a quem encontrasse uma parceira compatível. Ao nível que estes supostos amigos chegaram. A oferecer dinheiro? O Jorge não precisava destas ajudas. Considerava-se viril o suficiente. Tanta pressão no rapaz... Como se não tivessem confiança no Jorge.

Houvesse ao menos algum Santo António que naturalmente valesse a George.

Esta mudança de nome não é em vão. A verdade é que Jorge na maioria das vezes era simplesmente George. O fleumático e muito british George. Muito distante. Muito senhor de si. Frio. De coração de pedra. Sem querer se imiscuir com a dita plebe.
Pese no seu íntimo, desejasse ter o "salero" de um Jorge. Ser um galã como um Jorge. Confiante. Seguro. Quente. Uma espécie de Lucky Luck do amor. Disparando e partindo corações com o seu seis balas.

Mas não. O pobre do George recusou sempre as parceiras que lhe impuseram. Suponho que por princípio. Então tem um homem um esquema já preparado e estão sempre a lhe chatear com parceiras impostas?

Não admira que o rapaz andasse sobre forte pressão e não conseguisse "manejar o pacote" - entenda-se conseguir que alguma Rosarito ou alguma Guadalupe chocasse os ovos.

Em 2008 e após muito custo lá aceitou sair com a primeira. Não era das suas, dizia com laivos de alguma xenofobia. Não o fazia por mal. Ele no fundo era bom rapaz e convém ter em conta que os silogismos de Darwin, são um quase-dogma que nunca é questionado.
No entanto e ainda que fazendo um grande frete, conseguiu gerar 13 ovos, número que talvez prevendo o insucesso e má vontade de tal cruzamento, acabou por redundar em nenhum ovo viável.

Bola. Nada. Niente.

E com Guadalupe, uma morena com carapaça violão, uma latina bem quente que já achava bem mais aprazível, novo falhanço numa segunda tentativa. 5 Disparos. Todos com pólvora seca.

Alerta, alerta! O sinal vermelho de alarme soou então na cabeça do até aí impassível George.

Agora já não era tanto uma questão de querer ou não querer. Parecia que não conseguia. E para ele passara a ser uma questão de honra. Via-se realmente sozinho.
Ansioso e porventura pressionado, George volta-se para escapes fácil. Como um Dalton, passando por zonas bem pardas. Ou melhor, mesmo escuras.
Álcool, muito álcool. Jogo, estoirando balúrdios em corridas de cavalos marinhos. E para compor o ramalhete, muitos psicotrópicos e estimulantes, que não pelo contrário não lhe melhoraram a situação, acabando por o arrastar para uma espiral ainda mais depressiva. Que em última instância acabou por fazer ceder seu frágil coração.

No entanto, creio que esta não será a forma como George gostará de ser recordado. Creio que gostaria de passar à posteridade, visto não como um Dalton, mas sim como um Lucky Luck. Um Jorge Luck. Alguém que desaparece no horizonte, sozinho é certo, mas fiel aos seus princípios. Mesmo com todos os defeitos, com a consciência que sempre viveu de acordo com o que achava justo. Levando consigo toda a honra de uma subespécie. 


"(...)I'm a poor lonesome cowboy
But it doesn't bother me
'Cause this poor lonesome cowboy
Prefers a horse for company
Got nothing against women
But I wave them all goodbye
My horse and me keep riding
We don't like being tied(...)"

 







2012-06-21

22 de Junho.

"Sim, uma final, porque nós, por tudo o que representava, estávamos a jogar uma final contra a Inglaterra. Porque era ganhar ganhar sobretudo a um país, não a uma equipa de futebol. Embora disséssemos, antes do jogo, que o futebol não tinha nada a ver com a Guerra das Malvinas, sabíamos que ali tinham matado muitos jovens argentinos, tinham-nos matado como pardais... E isto era uma desforra, era...recuperar alguma coisa das Malvinas. Todos dizíamos, nas entrevistas, que não tínhamos de misturar as coisas, mas era mentira, mentira! Não fazíamos mais nada senão pensar nisso, o caraças é que era mais um jogo!
Era mais do que ganhar um jogo, era mais do que deixar os ingleses fora do Mundial. nós culpávamos os jogadores ingleses pelo sucedido, por tudo o que o povo argentino tinha sofrido. Eu sei que parece uma loucura, um disparate, mas isso era o que sinceramente sentíamos. Era mais forte que nós. Estávamos a defender a nossa bandeira, os jovens mortos, os sobreviventes... É por isso que julgo que o meu golo teve tanta transcendência. Na verdade tiveram os dois; os dois tiveram um sabor especial."

Diego Armando Maradona, Eu Sou El Diego (p.135)


22 de Junho de 1986. Estádio Azteca na Cidade do México. Quartos de final do Mundial'86. Um escaldante Argentina - Inglaterra, quatro anos após a guerra das Malvinas. Ou chamar-se-ão Falkland? Não interessa.

O que interessa reter é que pese todos os intervenientes o negassem, aquela partida tinha uma carga simbólica que ia muito mais além do que um simples jogo de futebol.
Quatro anos antes, e norteadas pela necessidade de consolidação dos respectivos regimes políticos - o interesse estratégico das ilhas era quase nulo - os dois países tinham-se envolvido na disputa de um conjunto de ilhas rochosas e semidesérticas situadas a menos de 500 km da costa argentina, em pleno Atlântico Sul, num conflito que durou cerca de 74 dias e provocou 907 baixas, das quais 649 foram do lado argentino e 258 do lado inglês.

O conflito decorreu envolto num alto clima de exaltação nacionalista em ambos os lados. A junta militar argentina basicamente usou o conflito para legitimar o seu poder, e o partido conservador de Margareth Thatcher no auge da sua ânsia reformadora liberal que tantas forças resistentes estava a encontrar, encontrou neste conflito uma escapatória para consolidar a sua liderança por longo tempo, algo que a (previsível) vitória permitiu.
Ainda que a derrota tenha precipitado o início da queda da junta militar que governava de forma opressiva a Argentina há já algum tempo a essa parte, o facto é que a humilhação que a derrota provocou no forte ego argentino, foi algo que nunca foi verdadeiramente esquecido.

Naquela tarde, naquele relvado, tratava-se muito mais que um jogo de futebol. Aliás, desconfio mesmo que para a maioria dos argentinos, ganhar à Inglaterra naquela tarde seria bem mais importante que conquistar o título de campeões do mundo. Algo que mais tarde, Maradona e muitos outros viriam a confirmar. É verdade que o jogo é recordado pela mão de Deus. E pelo 2º golo - o melhor do século - que o Deus Maradona marcou. Essas efemérides são mais que conhecidas. O que não é muito tido em conta, é que ali estava em jogo muito mais que um campeonato ou quaisquer honrarias. Estava em causa sim, a honra e o orgulho ferido de um país que se sentia injustiçado.


"Não podemos comparar futebol com política. É uma má ideia misturá-los. É apenas um jogo. Vamos jogar e desfrutar, mais nada (...)


(...)Somos 23 jogadores, mais a equipa técnica e o resto do staff, mas não jogamos só por nós. Jogamos por todo um país, por 11 milhões de pessoas que na Grécia estão à espera de um sorriso, por alguma boa razão para sair à rua e celebrar. Creio que o conseguimos contra a Rússia e ficamos mesmo contentes."

Giorgos Samaras, conferência de imprensa diária da selecção grega (19-06-2012)

22 de Junho de 2012. Arena de Gdansk, na cidade polaca do mesmo nome. Banhada pelo Báltico. Uma das cidades da chamada Liga Hanseática, aberta por natureza, por influência da sua grande tradição comercial. Cidade que transitou por vários impérios, preservando sempre a sua independência e esse livre espírito. Uma cidade que fiel às suas tradições, foi berço do sindicato solidariedade de Lech Walesa, o movimento que provocou o início da derrocada e progressiva abertura do regime comunista na Polónia assim como outros regimes no até então chamado bloco de leste.
Uma cidade que nos últimos 200 anos esteve baloiçar entre o domínio polaco e o domínio alemão/prussiano. A cidade direi ideal, para receber o previsivelmente escaldante Grécia - Alemanha destes quartos de final do Euro'2012.
Olhando ao contexto político-económico que actualmente se vive na Europa, é impossível ficar indiferente a este confronto e não extravasar o mesmo para fora das quatro linhas. Os devedores contra os credores. Os media gregos já designam a partida pela "A mãe de todas as batalhas".
O norte rico contra o sul pobre.
Numa altura em que que todos os olhares estão na delicada situação grega, a austeridade "über älles" defendida pela chanceler e apoiada pela maioria da opinião pública alemã, assim como declarações (estapafúrdias) como as de políticos e altos dirigentes alemães que defenderam ideias como a Grécia ter que abdicar da sua soberania em certas matérias ou mesmo vender território (ilhas) para pagamento de empréstimos contraídos, criaram um clima de forte contestação e muitos anticorpos anti-alemães no povo grego.
Por outro lado, o comum contribuinte alemão sente-se farto daquilo que considera ser um festim desregulado, a maneira como certos países não têm controlado os seus défices orçamentais.

Ainda assim, para os Gregos, a partida será sempre bem mais que um jogo. O povo grego procurará que uma vitória sirva de alguma espécie de vingança. Um ligeiro lamber de feridas, mesmo que por uma noite, mesmo que passageiro, sobre a terrível sensação de humilhação nacional a que julgam estar a ser submetidos. Arrisco que ganhando à Alemanha, a maioria do povo grego achará secundária a eventual conquista de um hipotético (2º) campeonato da Europa.

Não deixa de ser engraçada a feliz coincidência das datas.
26 Anos depois, este também não será com certeza mais um mero jogo duns quartos de final de uma grande competição.

Claro que o desnível de forças em termos futebolísticos é considerável - bem mais que o existente na altura entre a Inglaterra de Lineker e Shilton e a Argentina de Maradona e Valdano. Esta Alemanha é clara candidata ao título. A Grécia nem ao perto lá chega - se bem que há 8 anos provou que nada é impossível.
A Mannschaft é equipa que gosta de dominar e explanar o jogo. Pelo contrário, esta é uma Grécia em transmutação. Não será a Grécia na retranca de 2004, mas não deixa de ser a equipa que menos remates fez na competição até este momento (19). Menos que Cristiano Ronaldo (21). Nem Karagounis, a ainda grande figura da equipa - nem jogará - é Maradona.

No entanto, tenho a certeza que será mais que um jogo. Assim como no seu íntimo, pese as palavras de Samaras, os jogadores estarão a interiorizar toda esta involvência. Do lado grego, 11 milhões de pessoas assim o exigem.

Racionalmente e em condições normais, a Alemanha ganhará o jogo. Aliás, traçando um paralelismo, até a via política pró-troika acabou por levar a sua avante nas recentes eleições gregas.
Mas a capacidade de superação e abnegação nestes momentos, podem fazer a diferença. Há 26 anos atrás, isso foi bem visível. E neste caso, até já temos um belo exercício de futurologia feito pelo pelos Monty Python, onde a escola grega acaba no fim por se sobrepor ao racionalismo e ética alemãs.


No futebol, como em outros campos da vida, temos sempre a tendência de torcer pelo mais fraco. E o "beautiful game" é precisamente belo, porque em campo são onze contra onze. Ainda que Lineker tenha acrescentado "que no fim ganha a Alemanha". 

Veremos sábado.











2012-05-05

"o joão faz anos"


Sobre a dita tira de cartoon, nem vale a pena tecer comentários sobre o teor e facciosismo da mesma - a coberto do sempre conveniente anonimato (isto para nem falar na qualidade gráfica da mesma...) - isto num jornal, pago pelo erário público, que na esmagadora maioria das vezes nem cobertura dá aos restantes partidos da oposição madeirense - isto com o beneplácito da respectiva entidade reguladora nacional.

A propósito deste caso, ainda que aqui estejamos no mero campo da especulação, duma coisa estejamos certos. Fazer jornalismo isento na região pode ser algo bem complicado. Assim como assumir um opinião divergente ao "unamismo" imperante. Questionando certas situações. Que muitas vezes podem trazer implicações pessoais negativas às pessoas que o fazem. O que num meio pequeno podem ter um efeito devastador. Ostracizante mesmo. 

E mesmo poderia dizer sobre a questão de tentar ou não efectuar uma oposição construtiva na ilha. Aliás, há dias, numa pequena passagem que fiz pela ilha, comentava isso com alguém que está do outro lado da barricada face ao poder vigente na ilha. "Fazer oposição na ilha e num meio pequeno pode revelar-se muito complicado. Depende muito dos calos que são pisados."

Honra pois, a quem mesmo assim ousa fazer o seu trabalho - neste caso, como os supracitados jornalistas.

2012-04-11

londonized


um bairro que explica muito o encanto desta grande cidade. aconselho.





the independent diplomat














Is the top-down diplomacy the best way of solving world major problems?
Carne Ross, with his personal experience, explains why he doesn't agree with that premise.

Read also this article (link)

the author has also written "The Leaderless Revolution: how ordinary people will take power and change politics in the 21st century." available here

2012-03-23

buzica


a espuma do mar há horas que banhava o cabelo desgrenhado e a barba rebelde que sobressaía da sua face queimada e matizada pelo sal e sol. aquela cadência ritmada das ondas, qual compasso de maraca num slow de bossa-nova algo manhoso, transmitiam-lhe uma sensação de paz e relaxamento que até aí não tinha experimentado.

fazia longo tempo que não sentia terra firme. o suave e relaxante granulado da areia, ele que sempre se sentiu como um grão. ele que avesso a individualidade, sempre se sentira em interacção com tantos outros iguais ali naquela praia. como que desprovido de valor ou qualidade em especial. como um átomo.

mas ao mesmo tempo, um estranho vazio o acometia. como o interior dum átomo, assunto sobre o qual as normais pessoas tendem a não pensar, tendendo a desconsiderar ou menosprezar. desconhecendo assim que nesse suposto vazio acomodam-se electrões e protões que dão ao átomo uma característica única. como que a provar, que na mais completa discrição ou homogeneidade, há sempre espaço para o diferente. para o particular. para o individual.

um respaldo de onda mais forte, fez com que abrisse os olhos.

estava numa praia. paradisíaca. em terra firme, como o seu sonho.

levantou-se lentamente. estava extenuado e farto de nadar sem rumo. farto de numa suposta quebra de rotina, acabar por ser falsamente induzido numa outra. porventura pior. porventura mais perigosa.

ainda assim, tinha forças para começar a deslocar-se.

um pé a seguir ao outro. lentamente. como que movido por uma força interior. algo seu. do seu querer. que provinha do interior que julgava vazio e seco. como que a responder às reacções e a choques dos seus electrões e dos seus protões.

após ganhar uma certa cadência, diria até mecânica, vislumbrou no meio da praia, um estranho mas atraente X gigante.

sempre fora um pouco céptico a tais veleidades beneméritas que lhe pudessem ter ocorrido. não por questão de orgulho, mas por algo que nem ele sabia explicar. afinal de contas não há almoços grátis, pensava ele. adiante.

mas achou realmente estranho o facto de estar intacto.

embora céptico, resolveu aproximar-se.

ao chegar, notou que ali estaria algo enterrado. algo escondido. com tal X gigante era impossível não pensar nisso. e como tudo o que não está à vista, logo imaginou no que poderia estar ali contido. ali debaixo de todos aqueles indistinguíveis mas suaves e relaxantes grãos de areia.

escavou.

e escavou.

com todas as suas forças escavou.
de repente deu com uma pequena caixa. ao contrário de todas as normais e robustas arcas de tesouro, esta era bem frágil. estranhou.
mas ele também não era o Barba Ruiva e aquilo também não era a ilha de Tortuga.

resolveu abri-la.

e ao contrário do imaginado, dentro não existia mil e um tesouros, mas sim um pequeno grão de areia. um pequeníssimo grão de areia. uma "buzica" de areia, carinhosamente pensou ele.

aquele não era um grão impessoal, igual a todos os outros que tinha até aí encontrado.
não.

surpreendia-o a sua elegância e a estranha sensação de conforto que transmitia. e tinha personalidade. não era um mero grão de areia, mas sim a sua "buzica" de areia.

algo que tinha o condão de dar-lhe uma resposta a muitas das suas dúvidas que até aí o acompanhavam, na exacta proporção inversa do tamanho do mesmo.

um simples grão de areia. algo que ao longe se perdia na aparente homogeneidade e rotina que era aquela praia da vida.
algo frívolo e trivial para o comum dos mortais, como um grão de areia.
porém e ao mesmo tempo com uma imensa personalidade própria.

era assim possível ser algo que, não tendo sempre de ponderar os prós e os contras, agiria quando tal fosse necessário.
não tendo algum tipo de pressão para completar grandes feitos. ou para almejar algo. algo que o reconfortava, ele que sentia uma pressão castradora que estupidamente o inibia.

daí a necessidade de apelo ao interior. e deixar que os electrões e neutrões chocassem, esperando que daí resultasse o impulso que finalmente necessitava.

a "buzica" de areia não o sabe, mas a sua presença tinha mexido com o interior do Crusoé em questão. efeito acendalha, despertando forças interiores, que até aí ele não sabia que existiam. ou melhor, que não se recordava. tinha estado seco durante muito tempo. porventura inibido.

mas fiel à sua personalidade, esta "buzica" de areia não se remeteu a um papel passivo.
também ela continha dentro dentro de si forças que a empurraram para fora das mãos do Crusoé.
ou terá sido a passividade e inabilidade natural deste último que provocou tal separação?

o certo é que esta caiu na massa impessoal do imenso banco de areia. e ainda que se destacando dos restantes, ao algo pitosga Crusoé, à distância que estava, custava-lhe encontrar a mesma.

obviamente que a uma formosa e peculiar pequena forma, seria bem fácil fazer-se destacar naquela aparente e homogénea massa de areia.

teorizo então que porventura não quereria ser encontrada por uma pessoa que mesmo contendo algumas qualidades que apreciava - pelo menos nos breves momentos que esteve em contacto com a mesma - soava-lhe instável e tão pouco crente em si.
e todos sabemos que ninguém quer ter ao seu lado alguém com falta de confiança própria.

por outro lado e para ser justo, deduzo que o calejado e extenuado Crusoé, ainda que ciente que por vezes valeria a pena arriscar, não quereria ocupar indevidamente o lugar de outra pessoa, de outro naufrago que viesse a desembocar naquela praia.
e é bem verdade que todos nós, a dada altura, nos sentimos perdidos.
mas na realidade, notamos que uns acabam por ser mais centrados que outros. reagindo assim de forma diferente. às tantas devido às tais forças interiores que já aqui falei. e pese o conforto e segurança, porventura o Crusoé tinha ainda assim medo de falhar.

mas assim esperaria que outra pessoa aparecesse e estimasse como devido, aquele pequeno, formoso e calmante grão de areia, a que carinhosamente tinha designado de "buzica".
ainda que no seu íntimo, imagino que quisesse ser ele o escolhido. como que a apelar a uma reactividade quando esta era uma época de proactividade.

lamento, mas não sei o final desta história. aliás, creio que há vários finais possíveis, mas o indesmentível é que aquela ligação e conexão existiu ou existe. gosto de pensar que como um ying e como um yang. estando juntos ou não.

igualmente indesmentível, é que por estranho que pareça, aquele pequeno e simples grão de areia, marcou para sempre aquele homem. como que a mostrar que, por vezes, existem pequenas coisas às quais nada damos importância ou de quem nada esperamos, mas que de repente podem deixar a sua marca indelével. como uma assinatura em tinta chinesa.

mostrando que no nosso interior há algo mais que vazio. estas colisões só têm é de ser direccionadas. ainda que num equilíbrio digno de um trapezista sem rede a 40 m de altura. só com este equilíbrio, só com esta conjugação de camadas, é possível exponencial todo o seu potencial.

e naquela praia, naquele dia, para aquele homem, a "buzica" de areia foi capaz de almejar tal desiderato.

afinal Portugal é parecido à Grécia.






vergonha.




2012-02-22

apanhando o 29. na velha carcaça.

foto roubada daqui




às 18.10 apanho o vinte e nove.
numa curta viagem de 365 dias até apanhar o trinta.

2012-02-14

let your better half know how you feel.




spending the night with your +1 or watching and chanting for your +11?

it's match day. it's valentines day.
can't we have both?

2012-01-27

Jogar ao faz de conta.

make believe game @ friendly atheist



Artigo 41.º
Liberdade de consciência, de religião e de culto
(...)
4. As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.
(...)



Sem negar a herança cultural e a preponderância que a Igreja Católica tem na sociedade portuguesa, não é o nosso país um que à semelhança de tantos outros na Europa Ocidental, se auto-define como laico e não confessional?

Assim sendo, se há que cortar feriados - medida que na verdade é terá uma eficácia e uma vantagens económica algo dúbia - o lógico seria cortar alguns do feriados de índole confessional que existem no calendário. Pensei eu. Mas não.

Porquê manter feriados religiosos como o dia da Assunção, o dia do Corpo de Deus ou o dia de Nossa Senhora da Conceição? Designações que ditas desta forma nem são perceptíveis pela maioria dos cidadãos, isto se não associar o 15 de Agosto, uma 5ªfeira normalmente em Junho ou o 8 de Dezembro - o que indicia o quão irrelevantes eles significam nos dias de hoje.

Mas o pior nem é esta situação.

Ponderarem a retirada do feriado da implantação da República e o feriado onde se comemora a Restauração da independência nacional, duas datas emblemáticas e estruturantes do próprio conceito de nacionalidade e do próprio regime em si é a pedra de toque que faltava em todo este processo.

Quando o próprio regime não estima nem cuida da sua própria memória e do seu passado, isso transparece um sinal nada abonatório, que em última instância faz pressupor que o seu futuro não será nada risonho.

Olhando à actual situação, já nada me surpreende.

the winner take all politics


America's increasing inequality just happened naturally or it's been politically engineered during the last thirty years?

The evidence is hard to dispute. Those in the very top - 1% society whealthiest - have been better and better with an increase of 256% in income gains comparing with 1970's statistics for the same group. In oposition the other groups grew much slower - only an average of only 10 to 20%. Many times with the complacency of the government.

The same is true in Portugal, the most unequal country in Western Europe, with a government that has adopted policies that only hasten this inequality.

A more egalitarian and democratic world is only possible with a more equality society. Because better social relations are built of this material foundation.


For more information about the subject, i also recommend reading the book "The Spirit Level".

2012-01-25

Hope

occupy art - stolen from here



"Can you blame them for feeling a little cynical?"



Barack Obama's 2012 State of the Union adress (full transcript - here)




Numa altura em que a falta de decoro na política cá no burgo é cada vez maior - pelo menos olhando a certas declarações bem infelizes (o que explica em parte o porquê de apenas 56% do eleitorado se rever numa democracia) - com uma classe política aparenta estar numa bolha à parte dos reais problemas cidadão comum, não resisto a transcrever uma frase que me ficou no ouvido, em mais um excelente discurso proferido há menos de uma hora, onde Obama dá na prática o tiro de partida na campanha para a sua reeleição. Quase que me atrevo a dizer que cada país e cada povo tem o presidente que merece.

hail to the King

Eusébio stencil @ Bairro Alto, Lisboa




Parabéns King!





A tale of today.


image stolen from here




"The change of being exploited in a long-term job is now experienced as a privilege"


Žižek teoriza sobre formação de um novo proletariado, que ao contrário de um século, luta para preservar os direitos alcançados, numa frase que olhando ao actual contexto, nunca fez tanto sentido.


2012-01-18

Tough Love



juntos. ele disse que foi uma opção difícil (porém, tomada perante fortes ameaças).


apenas me ocorre o seguinte: quem não te respeita não te merece.







2012-01-14

only a matter of facial recognition


autistic facial recognition by Ai-Weiwei

(taken from here)




"Catroga explica nomeações da EDP: Chineses escolheram com base nas caras que conheciam"

(via Jornal de Negócios - resto artigo aqui)




Nem vale a pena comentar.

2012-01-13

Business as usual.



"(...)Alemanha é o principal beneficiado da política grega de armamento (clicar link para ler artigo completo)

Em 2010, o orçamento do exército grego representava cerca de sete mil milhões de euros. Ou seja, mais de 3% do PIB, um número que, no seio da NATO, só é ultrapassado pelos Estados Unidos. É verdade que, em 2011, o Ministério da Defesa reduziu as novas aquisições de material em 500 milhões de euros. Mas isso terá apenas como efeito aumentar as necessidades futuras, segundo um especialista na matéria.

Entre os parceiros da Grécia dentro da UE, são raros os que defendem abertamente uma paragem completa e duradoura dos projetos militares de Atenas. Como Daniel Cohn-Bendit, líder dos Verdes no Parlamento Europeu, que pensa que as hesitações europeias dissimulam sólidos interesses económicos.

Ora, o principal beneficiado com a política grega de armamento é, justamente, o grande pagador da União Europeia, a Alemanha. Segundo o Relatório sobre a Exportação de Armas em 2010, que acaba de ser publicado, a Grécia é, depois de Portugal – um outro país próximo da falência – o maior comprador de equipamento militar alemão. Os jornais espanhóis e gregos fizeram eco de um rumor segundo o qual Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, ainda no final do passado mês de outubro, convidaram, à margem de uma cimeira, o primeiro-ministro grego de então, Georges Papandreu a honrar os contratos de armamento existentes, e até mesmo a concluir contratos novos.(...)"


Os critérios que regem a contenção desta crise são tudo menos solidários. Ver igualmente o documentário "Debtocracy".


Onde é que eu já ouvi isto? (II)

Micki"Orbán" @ Budapest - stolen from here


"Húngaros revoltados com os abusos do seu Governo

A oposição quer vir para a rua porque o Governo a extinguiu no Parlamento. A partir de agora, uma lei pode ser aprovada sem discussão (...)"


Na prática, acaba por ser isto. O respeito pelas minorias políticas no seu melhor.