make believe game @ friendly atheist
Artigo 41.º
Liberdade de consciência, de religião e de culto
(...)4. As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.
(...)
Sem negar a herança cultural e a preponderância que a Igreja Católica tem na sociedade portuguesa, não é o nosso país um que à semelhança de tantos outros na Europa Ocidental, se auto-define como laico e não confessional?
Assim sendo, se há que cortar feriados - medida que na verdade é terá uma eficácia e uma vantagens económica algo dúbia - o lógico seria cortar alguns do feriados de índole confessional que existem no calendário. Pensei eu. Mas não.
Porquê manter feriados religiosos como o dia da Assunção, o dia do Corpo de Deus ou o dia de Nossa Senhora da Conceição? Designações que ditas desta forma nem são perceptíveis pela maioria dos cidadãos, isto se não associar o 15 de Agosto, uma 5ªfeira normalmente em Junho ou o 8 de Dezembro - o que indicia o quão irrelevantes eles significam nos dias de hoje.
Mas o pior nem é esta situação.
Ponderarem a retirada do feriado da implantação da República e o feriado onde se comemora a Restauração da independência nacional, duas datas emblemáticas e estruturantes do próprio conceito de nacionalidade e do próprio regime em si é a pedra de toque que faltava em todo este processo.
Quando o próprio regime não estima nem cuida da sua própria memória e do seu passado, isso transparece um sinal nada abonatório, que em última instância faz pressupor que o seu futuro não será nada risonho.
Olhando à actual situação, já nada me surpreende.
1 comentário:
Bravo a este artigo!
Querer misturar na mesma categoria feriados religiosos e nacionais/laicos é um disparate! Portugal é um Estado laico e, ainda que culturalmente tenha uma matriz judaico-cristã, se há reduções de feriados a materializar-se, que se faça do lado dos religiosos e que não se venha com a receita de cortamos 2 de cada!!
Patético e infeliz.
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