2009-10-02

A Mudança no Público e a CS


José Manuel Fernandes deixou hoje o cargo de director do Jornal Público.

Pode ser que este jornal, que me habituei a considerar como meu - pese o I me tenha cativado nos últimos tempos, volte a patentear a qualidade mas acima de tudo a isenção que desde o início mostrou.

Apenas acrescentar que nada tenho contra a pessoa a questão, mas é um facto que pretendendo o Público ser um orgão isento e imparcial, na verdade o que transparecia para o comum leitor é que o jornal de há uns tempos a esta parte falhava efectivamente neste propósito, a começar especialmente pelo seu director, a quem se pedia um pouco mais de contenção, pese toda a liberdade que dispunha para exprimir as suas ideias nos seus editoriais.

Toda esta temática, levanta muitas outras interessantes questões como: não deveriam os jornais seguir o modelo anglo-saxónico de pronunciamento sobre as suas preferências políticas e ideológicas, especialmente em tempo de eleições? É que se analisarmos bem, nunca será possível alcançar uma verdadeira imparcialidade, dado que os jornalistas transpõem para o papel a notícia, utilizando os seus próprios filtros, algo que advém de toda a vivência vivida, ideais defendidos, etc.
Uma outra questão é a questão da agenda escondida por parte dos grupos empresariais que detém os órgãos de comunicação - algo que é cada vez mais concentrado, havendo uma grande Justificar completamenteinteracção entre os diferentes meios dentro de cada grupo. Não é surpresa para ninguém que a OPA vetada à Sonae pode ter tido influência em todo o clima de perseguição movido ao anterior governo cessante. Ou que outros grupos, igualmente tentam influenciar a opinião pública através dos seus orgãos de comunicação. E aqui a questão do controlo de informação e o soltar da mesma em alturas chave é algo que demonstra o que estou a explicar.

A outra questão que finalmente aqui levanto [aliás já aqui explanada], é a crescente "tablonização" dos meios de comunicação, sentindo-se isso na opção da imagem sobre o conteúdo, na inversão de todo o processo à lógica economicista com redução de custos, avanço galopante da publicidade [a redução do número de tiragens e consequente decréscimo do valor de mercado publicitário a isso obriga no caso dos jornais de papel]. Até que ponto a qualidade de informação é mantida e preservada pelo próprio meio? Deverá apenas o mercado ditar aquilo que quer receber?

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