Numa época em que a variedade de notícias e os chamados furos ou notícias próprias de cada orgão de comunicação são cada vez mais raras, dada o cada vez maior recurso dos jornais e dos grupos de comunicação que os gerem às agências de notícias [o que invariavelmente provoca aquela estranha sensação de estarmos a ler o mesmo texto, pese sejam dois jornais completamente diferentes**], o tom dado a estas notícias surge cada vez mais como o factor diferencial.
Não é novidade que cada vez mais, o conteúdo e a notícia diminui em detrimento da fotografia e do grafismo. Por outro lado assiste-se a nível mundial a um sucessiva "tablonização"* da imprensa, com cada vez maior destaque dado às chamadas notícias "cor de rosa" e do social por parte dos principais grupos media internacionais.
Isso repercute-se em Portugal, que desde há poucos anos para cá, assiste-se com intervalos cada vez mais curtos ao que era habitual, aos sucessivos "layout restyling" dos diferentes jornais que acompanhando aliás uma lógica global da sociedade (tempo de vida dos produtos é cada vez mais reduzido fruto duma forte lógica consumista). A aposta em assuntos mundanos e banais, a preferência da fotografia ao conteúdo, o recurso a cada vez mais textos e notícias das agências sem mudar uma vírgula que seja, fazem com que se assista a uma certa uniformização da imprensa que chega ser confrangedora.
Num mercado cada vez mais vergado à publicidade e dependente das recietas desta, não admira que haja um certo desinvestimento na criação de conteúdos próprios. Isto também acontece nos ditos jornais de referência, outrora bons barómetros da situação politica e social do país, mas cada vez mais vergados a esta lógica de redução de conteúdos.
Paradoxalmente têm se vindo a assistir desde há alguns anos a esta parte a uma cada vez maior democratização da palavra, conforme este post e blog pode comprovar. A chamada web 2.0 apela à participação activa do público.
Não se deverá em parte esta explosão ao constrangimento existente nos meios de comunicação convencionais? Caminharemos em que sentido?
* tomei a liberdade de criar o termo
**e não só...assíduo utilizador de meios de transportes, reparei em várias vezes que jornais gratuitos de diferentes grupos tinham cartas de leitor...exactamente iguais [mudavam apenas o título das mesmas]
Obrigado, Celeste Caeiro
Há 7 horas
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