Ontem em Davos, o presidente do Fundo Monetário Mundial Dominique Strauss-Kahn surpreendeu tudo e todos ao incentivar algumas economias que tenham margem de manobra a dar um estímulo orçamental às suas economias, de modo a que esta crise possa ser ultrapassada. Ou seja dito por outras palavras, abandonou o habitual discurso de contenção e consolidação dos défices públicos para, para apelar a um ligeiro aumento destes, o que olhando ao histórico não deixa de ser uma grande supresa...
Historicamente esta instituição, criada com o intuito de fornecer ajuda e revitalizar os circuitos comerciais pós IIªGuerra Mundial, mantendo estáveis os fluxos monetários internacionais, tem se revelado muito rígida quanto à aplicação de medidas de contenção por parte dos países dependentes dos empréstimos desta instituição, o que por vezes leva a que os Governos cortem em áreas essenciais para a população.
Por outro lado incentivou durante largos anos à desregulamentação de barreiras e instrumentos do Estado, sem olhar a certas consequências nocivas que provocou em estados mais fracos (em especial após o choque petrolífero da década de 70, em consonância com as teorias neoliberais muito em voga depois dessa data). Nem falando na crítica que a instituição não olha à aplicação de direitos básicos e valores, sendo muito conotada durante a Guerra Fria como um braço do bloco ocidental, fechando os olhos a inúmeros abusos de várias ditaduras...
Sendo considerado por muitos, como um dos organismos que mais contribuiu para a erosão do conceito de estado e para a dispersão global de um capitalismo de índole neoliberal, não deixa de ser engraçado e paradoxal este apelo para um reforço e aumento dos gastos do Estado...
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Há 1 dia
1 comentário:
Até o FMI já se rende à real politik.
a ver se demora menos de um século para que os iluminados líderes mundiais percebam as falácias necessariamente inerentes a partidarismos e doutrinas socio-económicas fixadas por matrizes de valores gastas e inflexiveis
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