A maioria do PS chumbou hoje o projecto lei do CDS-PP com justificações no mínimo interessantes.
O secretário de Estado adjunto da Educação classificou o diploma do CDS-PP de "pura demagogia" e assegurou que "o Governo não está disponível para regressar ao passado". Entre outras declarações proferidas pelos demais apoiantes da proposta do PS de avaliar os professores de qualquer forma, esta é que me deixa mais perplexa.
Ora vejamos:
1) Fazer propaganda de uma avaliação à força não é demagogia?
2) Realizar uma avaliação deficiente, incompleta, injusta e não uniforme para todos os membros do corpo docente não é demagogia?
3) Querer mostrar obra feita, através desta avaliação, sem qualquer entendimento do que é o sistema se ensino e de como este deverá ser avaliado, não é repetir erros do passado?
Pois é... o problema é que talvez este senhor desconheça o significado da palavra demagogia. É uma palavra bonita, usada como chavão na classe política e que, embora a maior parte do povo português, que pouco ou nada sabe da língua portuguesa, não perceba o que quer dizer tem um significado mais profundo.
Demagogia é uma palavra de origem grega que quer dizer "arte de conduzir o povo", sendo utilizada em situações onde o governo ou a actuação política se pautada pelo interesse imediato de agradar às massas populares, com o fim de alcançar o poder ou de o manter; situação política em que o poder é abandonado às multidões.
Analisando esta palavra, pessoalmente parece-me que o demagogo é PS e demagogia é a proposta de avaliação dos professores.
De facto, quando vemos entrevistas sobre este tema tão interessante, são repetidas repostas de aplausos ao governo por querer avaliar uma classe que nunca foi avaliada, avaliar funcionários do estado como se avaliam funcionários em empresas...enfim... é uma medida eleitoralista e que desperta o espírito de "irritar" e "chatear o vizinho" que tanto caracteriza o nosso povo.
Este governo soube, aliás, lidar muito bem com essa ferramenta, não houve classe trabalhadora que não fosse atacada por este governo, no entanto, todos os membros das demais classes, aplaudem as críticas e as "avaliações" propostas para profissionais como os médicos, juízes, professores, funcionários públicos, etc.
O que o governo não conta, o que os telejornais não mencionam, é que a avaliação dos professores, nos termos que que está formulada é uma medida eleitoralista, feita única e exclusivamente para agradar a alunos e consequentemente aos pais...não percebendo estes que o futuro dos seus filhos está em risco.
Se o que o CDS-PP e os demais partidos subscrevem é assim tão demagógico, e tão impensável e abominável, então temos de pensar todos, que as pessoas que se licenciaram, doutoraram, saíram até com o 9º ano de escolaridade nada sabem. Os professores dessa altura não eram avaliados (palavras do governo) então que qualidade de ensino terão todos os profissionais vigentes, deputados e ministros incluídos?
Temos de acabar com esta mania de fazer coisas à pressa e mal feitas para mostrar trabalho.
Reflectir, agir baseado em provas e de forma faseada, avaliando (palavra chave) cada etapa com tempo, deitando fora o que não funciona e aproveitando o que dá resultado, para mim não é voltar ao passado. É pensar e agir num futuro a que a nossa classe política não está habituada. Reconhecer que erramos não é demagogia, parar e fazer um exame consciência não é demagogia, o contrário é que não só é DEMAGOGIA pura e dura, como voltar a repetir atitudes autoritárias e autocráticas muito próprias do nosso passado.
Para terminar, digo apenas que pessoalmente não acho que venha mal à terra por esperarmos um ano mais pelo processo de avaliação dos professores, do que entrar por um processo sem sentido e "à força" como este que o PS nos quer impingir. Digo nos...porque os nossos filhos é que vão ser a proveta de teste destas reformas....e não sei se quero isto para os meus filhos.
Obrigado, Celeste Caeiro
Há 7 horas
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