2009-01-27

Myth Buster II


Ainda na semana que passou, ouvi um comentário que me relembrou uma daquelas ideias falaciosas que todos nós já concerteza ouvimos. Refiro-me concretamente à comum associação entre as altas de suícidio e os países nórdicos, mais concretamente com a Suécia.

A Suécia tem uma taxa mediana, estando ao nível de Portugal [que tem taxa superior à Noruega só para comparação], e muito abaixo da Lituânia que é a líder incontestada desta tabela [vide aqui].

O mais curioso é o motivo pelo qual este mito apareceu. A origem remonta a Dwight Eisenhower, presidente que liderou os destinos dos EUA após a morte de Rooselvelt, no auge da Guerra Fria com Moscovo e nos quentes tempos do McCarthismo.

Eisenhower num discurso em finais de 50, elogia o modelo capitalista americano como guardião dos valores morais do "American Values", refutando a aparente felicidade e riqueza dos modelos sociais-democratas nórdicos, deixando falsamente ímplicito que a Suécia era um exemplo de "pecado, nudez, álcool e elevado suicídio" devido aos desvios socialistas que esse modelo continha [mormente o igualitarismo que sempre se evidenciou nestas sociedades - p.e. emancipação feminina e equiparação de direitos].

Assim, por motivos meramente políticos [e recordemos que é nesta altura tipicamente maniqueísta, que há a efectiva demonização da palavra socialismo, acabando por a mesma ficar no ideário do americano-comum até hoje como sinónimo de comunismo], estes rótulos pegaram, sendo que em anexo, é também daí a origem da ideia de que os Suecos são mais "free love" e mais abertos em termos de sexualidade, que a generalidade de outros povos [ideia muito implícita em filmes americanos das décadas de 70 ou 80 - ou em capas de revistas...].

post scriptum: estes e muitos outros mitos são descontruídos n'O Livro da Ignorância Geral' de Jonh Lloyd e Jonh Mitchinson, sendo uma compilação do programa televisivo da BBC "QI"[Quite Interesting]. Uma bela prenda de natal que recebi. Highly recommended!

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