2009-10-09

Normalidade democrática

Os sinais eram imensos, mas aparentemente o regime deixou cair de vez a sua verdadeira máscara. Os conceitos de normalidade democrática na Madeira, aparentemente não são os mesmos que os aplicados na restante extensão do território - em conformidade com os princípios geralmente aceites na Europa Ocidental.

Desculpem-me desde já os leitores, por estar a focar novamente a tecla Madeira, mas não consigo calar a revolta face a acontecimentos que perpetuam-se há mais de 30 anos e que ultimamente persistem em aparecer.

O conceito de democracia é ao contrário do que se pensa, uma conceito deveras lato. Na realidade, no estrito sentido da palavra, significa o governo do povo, no que qualificamos de democracia directa, que ao contrário da representativa, os próprios cidadãos decidem os destinos da gestão pública por maioria. A parte de questões de democracia directa ou representativa, queria isso sim focar que a protecção de minorias é um conceito que apenas aparece devidamente estruturadas e defendida com o que se chama democracia liberal de cariz ocidental.

Esta tornou-se a norma vigente e aceite, sendo a mesma igualmente interpretada e aceite de acordo com toda a herança e matriz histórico-social, como o sistema menos imperfeito de governo. Obviamente que a sua interpretação depende das tais nuances e matrizes histórico-culturais que são dissonantes de país para país, mas poderemos mesmo assim identificar como algo que é geralmente interpretado e aceite em toda a Europa Ocidental.

Na região, fruto de muitos constrangimentos histórico-culturais, estas noções são desde sempre desprezadas. Tal como no passado, a protecção e graves desequilíbrios sociais persistem. Tal como no passado, o espírito crítico e a opinião dissonante é abafada e tomada como afronta em prol de uma normatividade agregadora a uma só voz. Poderia teorizar sobre o porquê de todo isto, mas sei que muito provavelmente escreveria páginas e páginas e não é este o meu propósito.

O meu propósito é demonstrar a total solidariedade para quem ousa efectuar oposição ou destoar politicamente num ambiente asfixiado como é o da Madeira. Fazer oposição não é fácil na ilha, aliás como é norma em meios mais pequenos e fechados. Mas fazer oposição quando esta asfixia é tolerada pela maioria da população, votem ou não nos perpetuadores de toda esta situação, isso é realmente de valor. Quando a passividade da população tolera a violação de pequenas liberdades das minorias que noutros pontos são dados adquiridos, assumir uma opinião dissonante pode assumir consequências que podem vir a ter efeitos muito negativos na vida de quem ousa efectuar essa oposição.

Daí este post, que é escrito a título pessoal (dado não poder vincular a opinião de todos os desbobinadores, que felizmente é diferente e variada). Aliado a este elogio, acrescento o meu "mea-culpa" por ser passivo com a situação e apesar de discutir e falar da mesma, nunca ter feito nada realmente para mudar a mesma. Por, apesar de estar longe no "rectângulo", não ter feito mais. Porque estando longe, é mais fácil nos abstrairmos e "esquecermos" o assunto. Por nunca ter dado a cara ou mesmo o nome. Por ler que há quem queira 54-0 por mero tributo ao líder - que se comporta como um semi-deus - e por eu, no meu pequeno contributo e consciente do que tal barbaridade representa, pouco ou nada ter feito. Ou meramente, "mea-culpa" por ao escrever estas linhas, poder estar a assumir um papel moralmente superior sem que haja consequência prática a nível de acções.

Finalizo este longo e (em parte) pessoal texto com uma citação de Edgar Faure: "A arte de governar consiste em satisfazer a maioria da nação sem antagonizar a minoria"

O que eu desejaria simplesmente é que tivesse em conta o contributo da minoria. Era tudo o que pedia. Nada é perpétuo. Mas preocupa-me o alongar da actual situação e os custos que poderão advir daí.

De um madeirense expatriado, mas que mantém a Madeira no coração.
Aires Gouveia (aka il_messajero)

3 comentários:

Scherzan disse...

As suas palavras foram sentidas...
Subscrevo-o inteiramente.
Como madeirense, estou triste pelos dias negros que correm na região. Apesar de compreender o regime e de por vezes defende-lo com argumentos que já pareceram mais plausíveis, nunca pensei que chegasse a este ponto de desequilíbrio social e político.
Estou envergonhado e sem reacção perante imagens de terceiro-mundismo que ontem correram as televisões do país e provavelmente da Europa dando às ilhas uma imagem que pode vir a custar muito caro no futuro.

De outro madeirense também expatriado, e que ama muito aquela terra

Anónimo disse...

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AMSF disse...

Cada vez menos respeito a polícia e a autoridade...o que se tem passado não me envergonha mas acima de tudo indigna-me!