2008-12-05

Golegã - uma viagem a outro Portugal

Na sequência de um lembrete que cá deixei a responder a um apelo deixado pelo companheiro nesta estranha viagem, o igualmente desbobinador neste espaço - JJT, venho por este meio finalmente relatar uma estranha, mas interessante viagem do ponto de vista sociológico a um outro Portugal.

Antes de mais, refira-se que a Golegã é um pequeno concelho com 76,49 km² e 5 589 habitantes (segundo INE 2006), implantado em plena lezíria ribatejana, fazendo fronteira com o concelho da Chamusca, Santarém, Vila Nova da Barquinha, Torres Novas e Entrocamento. Visto deste prisma parece um pequeno e pacato concelho ribatejano, mas há um facto que lhe confere uma especificidade: auto-intitula-se a Capital do Cavalo.

E a verdade é que tudo gira em volta do dito animal, como uma verdadeira "Equus Polis". Há vias reservadas aos ditos animais, há imensos dejectos de cavalo pelo chão, há cudelarias e boutiques de roupas do género, toda a sinaléctica da vila tem um cavalo embutido, os mitras [gunas para quem nos ler do Porto e arredores/xavelhas para quem nos ler da Madeira] mesmo tendo as habituais Nike até usam o bonézinho à campino, existem inclusivé uma espécie de "skate park" que aqui adquire o nome de "equus park"...

A vilazinha pese todas estas especificidades, vive na sua pacatez, até meados de Novembro, altura em que se realiza a tradicional Feira de S. Martinho [segundo sítio da câmara local, já se realiza desde o séc. XVI], à qual se juntou nos últimos anos a realização da Feira Nacional do Cavalo Lusitano e a Feira Internacional do Cavalo Lusitano. Por estas alturas, a Golegã enche-se, numa feira onde as ruas ficam pejadas de cavalos, pessoas e bosta...muita bosta!
É uma semana onde só se ouve cascos de cavalo pelas ruas, onde os cavalos entram pelas lojas [p.e. ver cavalos a ter prioridade na entrada de bares em vez de pessoas foi das coisas mais surreais que assisti], onde as pessoas que lá se deslocam vibram mesmo com os cavalos e com o horseball, com muita água-pé a sair dos barris das garagens locais...

Até aqui tudo bem e facilmente digerível por uma pessoa de espírito aberto, como penso ser. O pior são as diferenças existentes entre este Portugal marialva que julgava ser uma caricatura distante e o Portugal das metrópoles ao qual estamos habituados. É que meus amigos, as diferenças são imensas e os códigos também o são.

(to be continued...)

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