2008-11-05

Yes, he did it!


Obama o 44ºPresidente americano, neste momento com 334 delegados e 52 Milhões de votos (ainda faltam fechar a contagem alguns estados à hora que escrevo), numa eleição cuja taxa de participação terá rondado os 50% (bem acima dos habituais 30%).

País extremamente criticado pela agressiva e unilateral política externa em especial após o 11 de Setembro de 2001, estas eleições vêm comprovar no entanto, que se há país que permite e dá oportunidades a uma efectiva mobilidade social e política, esse país são os Estados Unidos. Toda esta corrida, começando do zero e esta eleição vem comprovar exactamente isso.

Referir o simbolismo que norteia esta eleição. Mais que diferentes políticas (não acredito que a Obama faça um corte tão grande com medidas preconizadas pelos seus precessores como alguns comentadores indicam - embora visse com bons olhos), olhando ao "melting pot" que é a sociedade dos EUA, o que noto é que finalmente as feridas abertas com a Guerra Civil, poderão ser saradas (copiando um editorial do NY Times).

Com um discurso conciliador (aliás tónica já usada no discurso de derrota de McCain)", Obama apelou à união de todos para uma inversão do actual estado de coisas. "This is your victory!"

Post Scriptum: É de questionar se seria possível em Portugal haver um Presidente negro ou de etnia cigana....

4 comentários:

amsf disse...

Só falta afirmarem que é o Nelson Mandela da América! O que motivou a Europa no apoio ao Obama foi a política externa americana. Tendo em conta isto não dou mais do que 1 ano de estado de graça ao novo presidente!

il _messaggero disse...

É possível, é porque a esmagadora maioria dos europeus desconhece as posições de Obama (sendo que na Europa creio que seria colocado no espaço que normalmente se designa por centro-direita).

Obama já foi muito mais "esquerdista" do que é hoje. Em 1996 por exemplo era abertamente pró-aborto, anti-armas e a favor de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. O facto de ter sido eleito senador e ter estudado ciência política (e desde este momento estou a especular), permitiu-lhe compreender os anseios do eleitorado. Na esmagadora maioria das vezes, salvo épocas excepcionais afectadas por alguma crise ou revolução, o chamado centrão é decisivo na obtenção de vitórias. Esta moderação vem então neste sentido e decorre basicamente desta premissa.

No entanto, ainda assim, é marcante esta eleição. Recordo que a questão racial já motivou a única guerra civil americana. E é sempre um marco, que creio que poderá motivar muitas mudanças.

Por outro lado, Obama começou a campanha praticamente do zero, enfrentando dentro do partido o forte clã Clinton, com Hillary a mais que anunciada candidata democrata de há três anos a esta parte.

Claro que ajuda o facto de Bush ter os mais baixos níveis de popularidade desde Nixon. Que ajuda o desgaste existente na situação do Iraque e Afeganistão. Que ajuda a erosão do unilateralismo num mundo cada vez mais confuso no pós 11 Set. Que ajuda o Setembro Negro que se viveu e que provou que o modelo defendido pelo outro candidato, estava esgotado e outra via era necessária.

Obama vence devido a todos estes factores, facto que levou aos recordes de participação que se registaram.

No entanto, concordarei contigo num aspecto. Face à actual situação económica, Obama irá ocupar-se a curto prazo da situação interna, não prevendo eu grandes mexidas a nível externo. Isso poderá suscitar certa descrença, em quem estando fora dos EUA, pensaria que a política externa mudaria radicalmente. No entanto e olhando às intenções de diálogo lançadas, creio que poderemos esperar boas novas nesse sentido, podendo já começar aquando da discussão da renovação de Quioto.

amsf disse...

Apostaria que a nível interno ele procurará relançar a economia duma forma Keynisiana. Ao que parece as infra-estruturas americanas deixam muito a desejar. Económicamente apostaria no betão...

il _messaggero disse...

Não deve ser difícil...anos e anos de desregulação e "downsize" a organismos públicos incumbidos de efectuar o mesmo, poderão efectivamente ser o caminho a seguir.