2008-10-18

Foi você que pediu um "Independência"?


Por vezes fico estupefacto com o "timming" com que se proferem algumas declarações [isto nem falando no teor].
Então não é que esta semana, Coito Pita, eminente deputado da bancada laranja na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, qual D. Pedro preparando o seu grito do Ipiranga proferiu: "Que mal vem ao mundo se a Madeira se tornar independente?"

De facto num contexto de crise financeira mundial, onde até se coloca em causa a existência de paraísos fiscais e demais congéneres - no qual se inclui o Centro Internacional de Negócios da Madeira, numa altura em que os custos de transporte e de viagem subiram - importante numa região turística como a nossa - devido à alta do petróleo (tendência que aliás irá continuar olhando que não é um recurso ilimitado e a economia e o modo de vida estão deveras preso a esta fonte de energia), olhando por outro lado à pequenez de recursos e do espaço existente, à ausência de matérias primas valiosas ou de cariz energético e à pouca diversificação de receitas que poderia existir, não sei o porquê desta insistência neste autêntico "soundbite" de consumo interno - no rectângulo nem houve uma notícia sobre o mesmo, sinal que estas declarações, se foram proferidas como forma de pressão, há muito que perderam o seu efeito.

Nem vou recordar o orgulho que a população sente em ser portuguesa, comprovada aliás por uma sondagem efectuada em Fevereiro onde cerca de 3/4 dos inquiridos rejeitava veemente uma possível independência.

Em vez de se andar a vociferar contra Lisboa [a cassete à muito que está a ficar gasta] ou a perder-se tempo em assuntos acessórios como revisões constitucionais - quando está visto que nem fazem uso de todas as actuais competências possíveis, porventura seria de bom tom começar a mostrar algum trabalho e alguma capacidade de criatividade e iniciativa que fujam ao habitual método de delapidação de potencialidades endógeneas que a ilha tem [dou o exemplo da floresta laurissilva e as levadas] e entrega do mesmo aos mesmos grupos privados de sempre através de construções de cariz duvidoso que apenas acrescentam um cariz artificial à ilha, desvalorizando o contexto [como querem fazer no caso do teleférico no Rabaçal].

Este autonomismo travestido de independentismo bacoco e sem sentido nenhum [aliás nem temos elementos histórico-culturais que sejam sequer distenciadores da restante população portuguesa], tem-se revelado numa perspectiva de confrontação [qualquer estratego sabe que convém ter um inimigo externo por vezes], quando esta mesma autonomia na verdade deveria ser de cooperação. Receio é que a factura a pagar pelas gerações vindouras [se não for até bem mais cedo] devido a certos erros crassos que têm vindo a ser cometidos, venha a ser bem pesada e muito díficil de inverter devido a todo este historial de disparates verbais que temos vindo a assistir.

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