2008-07-07

Bomba-relógio


Volvidos 20 anos da tragédia do Chiado, um novo incêndio de grandes proporções volta a afectar um zona nobre de Lisboa. Segundo informações recolhidas, o mesmo terá começado num prédio devoluto situado numa rua contígua à Av. da Liberdade.

Olhando ao estado do parque habitacional da cidade (basta ver o estado de alguns edifícios existentes nas suas zonas mais emblemáticas) era algo que mais dia menos dia era previsível acontecer. E estimam-se que existam outros 75.000 "bombas-relógio" devolutos na cidade.

Vítima de sucessivas políticas municipais de curta visão, feitas de um modo sectorial e privilegiando a excessiva burocratização da máquina camarária (basta ver a quantidade de programas e empresas municipais criados), privilegiando certos interesses ao invés de se apostar numa efectiva requalificação e reabilitação do cada vez mais depauperado e abandonado centro da cidade (em 20 anos o concelho perdeu 32% da sua população com especial incidência para as freguesias situadas no centro), Lisboa tem adiado sucessivamente um verdadeiro e profundo debate acerca do tema. Basta olhar-se ao feito nas nossas congéneres ibéricas Barcelona e Madrid, e aí notamos o quão atrasado está a adopção de medidas integradas que permitam retirar o máximo de proveito de todas as capacidades que a nossa capital dispõe, olhando a cidade não apenas como um espaço físico em si, mas sim olhando também ao seu enorme capital social e às suas capacidades como espaço de troca e de intercâmbio de ideias e experiências.

Pena é que haja a necessidade de se bater realmente no fundo (seja através de cataclismos como é este caso, seja pela esgotada capacidade de endividamento da CML), para que haja um definitivo despertar de consciência.
Mas enquanto isso não é plenamente interiorizado, na cidade, muitas outras bombas lentamente fazem tic-tac, tic-tac, tic-tac...
P.S. Referir que pese o nosso "compagnon de route" deste espaço Bob viva a poucas centenas de metros da área afectada, a gerência deste espaço, garante que o mesmo se encontra bem e de boa saúde encontrando-se, na altura do respectivo contacto, a vislumbrar da sua janela o sucedido, envergando a sua tradicional túnica branca e mais a coroa de folhas de louro, enquanto dava azo à sua veia criativa e compunha mais uma ária para Harpa...(ehe)

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