2007-07-03

Radicalização...


Sendo membro associado da comunidade desde 1963, só em 1999 foi reconhecido o seu estatuto de candidato a integrar a UE.

O facto de ser um país esmagadoramente mulçumano, com tradições diferentes da matriz judaico-cristã na qual assenta a comunidade europeia, juntamente com o facto de ter a maior parte do seu território na Ásia Menor , junto desse grande foco de instabilidade que é o Médio Oriente, tem criado vários impasses nas negociações tendo em vista o seu ingresso na União.

País laicizado à força por Ataturk, depois da queda do Império Otomano e derrota na IªGuerra Mundial, que instaurou uma série de reformas, mantendo contudo o país sob forte pendor e influência dos militares, a Turquia teve antes de 1999 de travar a dura batalha para provar as acusações de falta de respeito para com os direitos humanos (em parte devido à situação no Curdistão e a sua atitude para com o PKK)...

É de longe o país mulçumano que dispõem de estruturas modernas e onde a democracia se assume numa forma mais livre, comparando com as congéneres ocidentais...
Desde sempre os Turcos olham a Europa e a adesão à UE como uma janela de oportunidades e de desenvolvimento (usando o exemplo que Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia, dispuseram em meados da década de 80, e que os países do leste da Europa dispõem neste momento)...

No entanto, com o 11 de Setembro e as opções que se seguiram (estando inserida na NATO teve de fazer opções que não foram de encontro com uma vasta opinião pública mulçumana), com o extremar de posições na europa para com o Islamismo, julgo que a Turquia não foi devidamente apoiada, sendo que foi um pouco deixada ao abandono, assistindo-se a um período de radicalização da opinião pública face ao Ocidente (em parte pela recusa de grande parte dos países europeus em ter a Turquia junto a si)...

Ontem noticiou-se que apenas 27% dos turcos viam com bons olhos a adesão à UE (o ano passado, a anterior taxa era de 58%) e apenas 9% dos turcos tinha uma boa impressão dos americanos (ainda mais que paquistaneses ou palestianianos); a polémica para a recusa política e militar da eleição universal do presidente da república (é eleito pelo parlamento, e o principal candidato era um candidato com fortes tendências islâmicas), não deixa antever o melhor ...
Sarkozy já declarou que quer congelar as negociações de adesão da Turquia e dar um estatuto de parceiro privilegiado, agradando assim vastos sectores à direita que em si votaram...
Estaremos ainda a tempo de salvar e manter a Turquia como um modelo democrático para os restantes mundo islâmico?

2 comentários:

JFFR disse...

A entrada da Turquia é o fim da Europa. 80 milhões de muçulmanos + os 20 milhões que já cá vivem? Será a hora de começar a fazer as malas e ir para a América....

il _messaggero disse...

hummmm...

não defendo para já o alargamento - ainda estamos a sentir as ondas de choque deste último e convém definir bem as coisas e o rumo que queremos tomar antes de abraçar outro alargamento...

mas não fecho a porta...afinal de contas à 70 anos atrás era impossível imaginar que a Alemnha e a França estariam junto numa comunidade com este nível de compromisso...