2012-01-13

Business as usual.



"(...)Alemanha é o principal beneficiado da política grega de armamento (clicar link para ler artigo completo)

Em 2010, o orçamento do exército grego representava cerca de sete mil milhões de euros. Ou seja, mais de 3% do PIB, um número que, no seio da NATO, só é ultrapassado pelos Estados Unidos. É verdade que, em 2011, o Ministério da Defesa reduziu as novas aquisições de material em 500 milhões de euros. Mas isso terá apenas como efeito aumentar as necessidades futuras, segundo um especialista na matéria.

Entre os parceiros da Grécia dentro da UE, são raros os que defendem abertamente uma paragem completa e duradoura dos projetos militares de Atenas. Como Daniel Cohn-Bendit, líder dos Verdes no Parlamento Europeu, que pensa que as hesitações europeias dissimulam sólidos interesses económicos.

Ora, o principal beneficiado com a política grega de armamento é, justamente, o grande pagador da União Europeia, a Alemanha. Segundo o Relatório sobre a Exportação de Armas em 2010, que acaba de ser publicado, a Grécia é, depois de Portugal – um outro país próximo da falência – o maior comprador de equipamento militar alemão. Os jornais espanhóis e gregos fizeram eco de um rumor segundo o qual Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, ainda no final do passado mês de outubro, convidaram, à margem de uma cimeira, o primeiro-ministro grego de então, Georges Papandreu a honrar os contratos de armamento existentes, e até mesmo a concluir contratos novos.(...)"


Os critérios que regem a contenção desta crise são tudo menos solidários. Ver igualmente o documentário "Debtocracy".


2 comentários:

amsf disse...

Os chineses também são grandes beneficiados do consumismo Ocidental e simultâneamente grandes credores da dívida Ocidental! Não honremos as nossas dívidas para com eles pois eles são os grandes benificiados do nosso consumismo! Isto para dizer que não é Alemanha é a má da fita mas a Grécia! Há por ai uma inversão de valores que afirma que os alemães se querem ter emprego e lucro devem fornecer mercedes gratuítos.

il_messaggero disse...

Amsf,


Obviamente que o que escreve está correcto, mas isso não invalida que haja uma premissa nada solidária que em última análise apenas é justificada para proteger interesses económicos nacionais. A própria gestão de todo este imbróglio que se tem vindo a verificar ao longo destes meses demonstra realmente isso.

A Europa continua a falar a várias vozes e cada país continua a defender/alimentar os seus próprios interesses nacionais/instrumentos que permitem a manutenção status quo político por parte dos respectivos titulares, agradando assim aos seus eleitorados - que por sua vez tendem a votar numa lógica e numa perspectiva imediata.

Isso leva a que não haja uma verdadeira política comum, prevalecendo pese todos os esforços e retórica em contrários, enormes disparidades e desequilíbrios que esta crise apenas veio por a nú. E apenas veio exacerbar estas mesmas disparidades. E aqui o soft power de cada país falou bem mais alto.

A Europa, que avançou para esta união monetária sem ter criado qualquer tipo de dispositivo ou estrutura de segurança, tentou começar a correr sem que o próprio acto de andar estivesse ainda devidamente consolidado.

E creio que não estou a cair em nenhum tipo de teoria da conspiração ou algo do género, quando se nota e verifica que esta união monetária e todas as guidelines seguidas na política comunitária desde 1992, foram desenhadas à medida da Alemanha, país que teve que lidar com uma reunificação e tinha de ser reerguido (há quem use o termo compensado) por essa mesma razão. Aliás a própria expansão da UE e o sentido que a mesma tomou - na maioria países que são mercados naturais da Alemanha - apenas comprovam isso mesmo.

E não nos esqueçamos que muita da gestão desta crise, que poderia ter sido logo debelada, foi muito influenciada por interesses particulares nacionais - a quem chame lobbies - sejam os mesmos a indústria do armamento, como o exemplo descrito, seja pela incúria e exposição da banca.