2010-04-03

marco ou areia?


a adoração das marcas by D*Face

"O iPad pode vir a ser tão revolucionário que um dia vamos olhar para trás para o seu lançamento, como um Alexander Graham Bell a falar com Watson", escrevia ontem Howard Kurtz no "Washington Post". "Ou não", acrescentava depois, com uma ponta de ironia(....)".

É hoje lançado o novo gadget da Apple. O iPad, como todos os produtos da marca da maçã, vem rotulado de "next big thing" que revolucionará e ditará as tendências para os próximos anos, envolto claro está, numa imensa campanha de marketing e apoiando-se na ansiedade e na espera da cada vez crescente horda de fãs da marca - muitos dos quais, imbuídos de uma aparente cegueira, não se importarão de gastar € em mais um gadget.

Não querendo suscitar uma fútil guerra - estilo PC e MAC - pessoalmente aparenta-me que este produto, pese toda a expectativa, aparenta-me ser um bluff isto tendo em conta todas as características messiânicas que lhe apontavam. O facto de não ser "multitasking" ou seja, não vir a permitir a realização de várias tarefas ao mesmo tempo é um grande handicap.

Por outro lado, não dispor de câmara e de outras funcionalidades é também lesivo face ao preço dado. Custará sempre mais que um normal Netbook - nicho de mercado que a Apple pretende cobrir. Aceito e acredito nos "macbelievers", que, qual proselitistas me indicam maravilhas acerca dos produtos da marca. Reconheço o melhor design e não tenho dúvidas no melhor desempenho audiovisual e gráfico do produto. Compreendo ainda que a posse dos próprios produtos, possam gerar e facultar a (falsa) noção de pertença a uma comunidade, numa espécie rebuscada de nacionalismo versão 2.0. Como se uma religião se tratasse.

Voltando ao produto, o preço aparenta-me ser excessivo. Assim como o conceito não é propriamente novo - a roupagem sim. E custa-me ver tanta alienação à volta de um produto, que antes mesmo de ser lançado já é um elevado a patamares estratosféricos - vide as previsões de vendas e o "buzz" provocado pelos crentes.

Isso leva-me a concluir que aparentemente areia possa estar a ser atirada à cara do cliente.

Mas como não quero influenciar negativamente ninguém, recupero aqui um texto do guru Paulo Querido sobre o assunto, onde se traça um breve guia do produto.

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