Nada mais corporizou tão fielmente esta divisão como a edificação do Muro do Berlim. Embora só tenha sido erguido em 1961, em plena fase quente da guerra fria, como resposta para suster a enorme saída e migração de alemães da então RDA para a então RFA [as restantes fronteiras terrestres tinham sido fechadas quase uma década antes], a sua queda foi um marco, dado que representou o fim de uma era e ao mesmo tempo permitiu a reunificação alemã ancorada num aprofundamento da integração europeia.
Na altura e face à queda de um bloco e face à supremacia ideológica do outro lado, muitos ousaram vaticinar o Fim da História [como em tantas outras ocasiões],mas a devida distância histórica viria a provar que tal vatícinio estava completamente errado. Aliás o próprio 11 de Setembro demonstrou isso mesmo.
Ainda assim, nada retira importância a este marco, que ao fim ao cabo foi uma vitória não de uma doutrina mas da liberdade. Conforme o João bem escreveu "os jovens berlinenses de vinte anos são hoje filhos de uma Alemanha e uma Berlim diferente. O que é hoje uma referência da Europa e da juventude continua a ter marcas subconscientes do que se viveu ali."
As implicações que a queda do muro produziu foram imensas. Porventura o Gueorgui [old shatterhand] tendo vivido do outro lado da cortina, bem melhor poderia explicar as alterações produzidas - mormente no dia a dia. Eu, na inocência dos meus 6 anos, vendo toda a animação dos meus irmãos mais velhos naquele longuíquo dia de 9 de Novembro de 1989, guardei na memória imagens de uma imensa turba de ambos os lados a derrubar partes do muro celebrando com tal feito com imensos sorrisos e satisfação.
Porventura pode parecer pretencioso, mas a realidade é que fiquei com a sensação que estava a assistir a história a ser feita. O que se comprovou ter vindo a ser verdade.
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