2008-09-19

EB da Universidade da Criança/Instituto da Inteligência

Portimão abre as portas de uma Escola Privada para miúdos sobredotados. O que será que se segue? Estou mesmo a ver a manchete "Lisboa abre Escola para miúdos retardados". Será que é uma sociedade discriminativa que defendemos?

Quando se fala no conceito de exclusão social pensamos apenas nos mais pobres, com deficiência, os sem-abrigo, etc. Mas não. A exclusão social aparece também ao se criar grupos que se diferenciem de forma algo significativa do resto.

Será que não era mais benéfico juntar miúdos com boas capacidades ou capacidades acima da média aos que têm dificuldades e ensiná-los a se ajudar mutuamente? Isso sim seria uma boa forma de utilizar a inteligência. Uma escola em que um miúdo com um QI abaixo de 130 não pode entrar, ensina aos alunos a se darem apenas com pessoas com a mesma capacidade intelectual que eles. Todo o resto nem vale a pena. Sentimentos de arrogância, superioridade e discriminação é o que esta escola irá transmitir.

E o outro lado da moeda? Será que os alunos que nela andam não vão sofrer igualmente de discriminação por parte dos outros?

Porquê meter os "mais inteligentes" (isto porque a inteligência não se mede apenas por um teste de QI) num ambiente à parte, como se ratinhos de laboratório se tratassem? Se calhar assim, o ritmo das aulas e as matérias dadas podem ser mais exigentes, enquanto que uma escola normal pode não aproveitar ao máximo as suas capacidades. Mas será mesmo esse o objectivo? E o resto? E as capacidades sociais? Não me parece que para o resto da vida estes miúdos, então adultos formados, vão lidar apenas com sobredotados. Terão eles aprendido a lidar com os menos aptos, mais pobres, menos inteligentes? A não serem preconceituosos? Terão eles aprendido isso em alguma cadeira? Chamar-se-ia o quê? "Como lidar com os normais I"?

O ser humano tem um grande problema em impôr limites, tenta levar tudo ao extremo. Com o avanço da ciência quer fazer clones humanos, com o avanço da tecnologia quer fazer animais de estimação que são robots.

Mas não o façamos com pessoas, perdão...com crianças, numa tentativa infeliz de não perder tempo com um ensino normal quando podemos puxar muito mais por eles. Existem coisas muito mais importantes que isso.

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