Nas últimas semanas muito se tem escrito sobre a possibilidade de os "ricos" do mundo contribuírem mais para assim ajudarem os seus países a combater a crise económico-financeira com que se deparam, tentando aliviar as classes média e baixa do pesado fardo. Embora uns digam que as contribuições não ajudariam assim tanto, eu digo que criariam, pelo menos, um sentimento de solidariedade e de boa vontade que poderia atenuar a latente (ou mesmo existente) crispação e confrontação social sentida um pouco por toda a Europa.
Daniel Oliveira no seu artigo "Todos Pobres" (Expresso), sintetiza magnificamente o que penso sobre os "ricos" e os "empresários" portugueses:
"Numa entrevista ao "Jornal de Negócios" o homem mais rico de Portugal explicou que era apenas "um trabalhador". E que não se considerava rico. Há quem saiba dos seus privilégios e tente, pelo menos, dar a ideia de que devolve à sociedade. Há quem saiba dos seus privilégios e até ache que os merece. E há quem viva de tal forma enfiado na sua bolha social que nem se aperceba que é um privilegiado. Infelizmente, só temos desses por cá. Portugal é um país tão pobre que até os milionários são pobres. Buffett disse há uns tempos: "Há uma luta de classes, é um facto, mas é a minha classe, a dos ricos que a conduz, e estamos em vias de a ganhar". Não em Portugal. Aqui, a pobreza é demasiado envergonhada para se revoltar e a riqueza demasiado descarada para se envergonhar."